quinta-feira, 26 de junho de 2008

EU TENHO UM SONHO

Um sonho de poder.
Meu sonho de poder
Era obrigar todas as autoridades,
De todos os poderes,
Em todos os níveis,
A colocarem seus filhos
Em escola pública.
Aos que já o fazem: meus parabéns!

Meu sonho de poder
Era obrigar todo juiz de direito
Estadual ou federal
A abastecer seus automóveis
Nos postos aos quais desse liminar
De reabertura,
Quando fechados por fraude.
Aos que já o fazem: meus parabéns!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

COMO SEMPRE

PParodiando uma frase do tempo da colônia, publicada na revista de História, da Biblioteca Nacional:

O Brasil vai mal porque as autoridades não querem nosso bem;
querem nossos bens!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A LÓGICA ATUAL

Certo, tenente; isso não se faz. Você não pode deixar o sangue subir à cabeça só porque uns jovens funqueiros o desacataram numa abordagem, e prendê-los. E você tem que obedecer seu capitão. Se o capitão, atrás da mesa, de cabeça mais fria, viu que não era nada e mandou soltar, solta! Não pode dizer "eu cágo prêste capitão!" Você já deve estar aprendendo agora que deus castiga quem "cága pro seu capitão". Outra coisa que você deve estar aprendendo também é que os traficantes do morro da mineira têm o direito líquido, certo e legítimo de matarem seus desafetos. Pelo menos é o que se depreende, e o que você aprende, das reações. Ninguém, nenhum político, congressista, jurista, oabista, mpesista, jornalista, ou seja lá que ista for, está condenando e pedindo a prisão dos assassinos dos três meninos do morro da providência. A própria polícia disse que não vai lá no morro da mineira procurar os assassinos. É como se eles fossem os lobos de um fosso onde os viquingues jogassem ingleses. Quem pensaria em condenar os lobos? Os assassinos, claro, eram os viquingues! Assim, os traficantes. A sociedade já dá como favas contadas seu direito de matarem os rivais. Homicida é quem solta moço de um morro no outro.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

ORÁCULO FALAZ


Quando estou navegando pela vida distraído,
é fácil acreditar que posso me conhecer;
afinal, eu sou o sujeito, e assim me identifico
em relação ao outro, o objeto; ou outros;
mas, se tento me conhecer, eu me torno objeto;
ainda que de mim mesmo;
e sendo objeto, eu sou o outro;
só que esse outro, que analisa o eu, é que sou eu!
então, toda vez que eu projeto um dado
de mim mesmo para análise,
isto já se torna objeto, já se torna outro,
e eu permaneço incólume, indevassado,
incognoscível; pois qualquer pensar sobre mim
me torna o outro que eu já não sou,
enquanto continuo sendo o eu que sempre flui.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ONDE ANDA O BOM SELVAGEM?

Ferve a imprensa: índios ferem a facão engenheiro civil (civil nos dois sentidos) que expunha resultados técnicos; índios violentam funcionário em invasão de unidade da funai (o funcionário pensou em processar o governo mas recuou com medo da exposição; claro). O que está havendo com o bom selvagem tão decantado, de Rousseau a Villasboas? Além de violento é pervertido? Ficou assim, corrompido pelo branco; ou já havia razão de serem, os tapuias dos planaltos, odiados pelos gentis tupis do litoral? Será que já antes do descobrimento os tapuias não violentavam os tupis? De qualquer forma, está havendo um recrudescimento. E tudo indica que há instigantes. Povos que destruíram seu meio-ambiente arvoram-se no direito de dizer que não sabemos gerenciar o nosso. Como não sabemos gerenciá-lo, se ele, o nosso meio, está ainda aí sujeito a discussões, enquanto que o deles não existe nem em sombra do que já foi? Os brancos americanos massacraram os bravos das planícies. Mataram homens, mulheres, crianças e velhos. Praticavam tiro-ao-alvo nas crianças que corriam assustadas das aldeias invadidas: está em seus próprios livros de história. Agora, os descendentes desses criminosos instigam o nosso índio contra os "civilizados" brasileiros (brancos, negros e também índios aculturados); talvez para levar-nos a uma guerra (como ameaçou o caiapó, repetindo o que aprendeu com os gringos), e a guerra a um massacre que não os deixasse solitários na culpa herdada de seus pais. E o sueco, com cidadania inglesa, que vende proteção ecológica que não fornece? Os incautos europeus contribuem com trinta e cinco libras para proteger um acre, recebem um folder com benefícios que os arrecadadores teriam feito aos nativos, mas quando se vai pesquisar o que se vê é um mateiro sozinho "fiscalizando" centenas de milhares de hectares em troca de meio salário mínimo brasileiro. Quanto sobra de mais-valia em cada contribuição? Assim, até brasileiro analfabeto viraria milionário.
Parece que são dois os mitos que caem no limiar do século: o do bom selvagem, e o do europeu honesto.