sábado, 31 de outubro de 2009



Se você não for o maior, multiplique-se!
Mais abaixo existe uma imagem mais próxima desse palmito "galhado".

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

SCHOPENHAUER NO BLOG

O Schopenhauer andava louco prá colaborar neste blog. Assim, dei-lhe uma chance. Mas, trouxe-me um texto de 150 anos! Julguem se serve...

"... só chegará a elaborar novas e grandes concepções fundamentais aquele que tenha suas próprias idéias como objetivo direto de seus estudos, sem se importar com as idéias dos outros. Entretanto os eruditos, em sua maioria, estudam exclusivamente com o objetivo de um dia poderem ensinar e escrever. Assim, sua cabeça é semelhante a um estômago e a um intestino dos quais a comida sai sem ser digerida. (...) Não é possível alimentar os outros com restos não digeridos, mas só com o leite que se formou a partir do próprio sangue. (...) Diletantes, diletantes! -- Assim os que exercem uma ciência ou uma arte por amor a ela, por alegria, per il loro diletto , são chamados com desprezo por aqueles que se consagram a tais coisas com vistas ao que ganham. Esse desdém se baseia na sua convicção desprezível de que ninguém se dedicaria seriamente a um assunto se não fosse impelido pela necessidade, pela fome ou por uma avidez semelhante. O público possui o mesmo espírito e, por conseguinte, a mesma opinião: daí provém seu respeito habitual pelas "pessoas da área" e sua desconfiança em relação aos diletantes. (...) O grande público culto busca viver bem e se distrair, por isso deixa de lado o que não é romance, comédia ou poesia. Para, excepcionalmente, chegar a ler algo com o objetivo de se instruir, o público aguarda antes uma carta de recomendação com o selo daqueles que mais entendem do assunto, declarando que de fato se encontra ali um ensinamento válido. E os que mais entendem do assunto, supõe o público, são as pessoas da área. Ele confunde, assim, os que vivem de uma matéria com os que vivem para uma matéria, embora essas duas atividades raramente sejam exercidas pelos mesmos homens. Como Diderot já disse, em O sobrinho de Rameau, a pessoa que ensina a ciência não é a mesma que entende ela e a realiza com seriedade, pois a esta não sobra tempo para ensinar."

Suponho que, hoje em dia, os tais diletantes sejam conhecidos pelo nome de amadores.
Quando encontrá-lo eu pergunto...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

SEGURANÇA NO RIO EM 2016

Nem se preocupem. A imprensa internacional, os organizadores da Olimpíada, os turistas, e demais interessados podem ter certeza: o Rio lhes dará total segurança em 2016. O Rio já demonstrou capacidade para tal na Eco-92 e nos Jogos Panamericanos. O governo federal ajuda, juntam as policias do Rio, a guarda nacional, polícia federal, exército, e quem mais for preciso e, garanto, não se ouvirá um pum nas favelas do Rio.
Podem ficar tranqüilos.
Quem não poderá ficar tranqüilo somos nós, os demais brasileiros de Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, e todo o interior. Os negócios do tráfico não podem parar; o prejuízo seria grande, afetaria a economia. Então, migram para outros lugares. Caem sobre nós. De início, com intenção provisória; mas, após o relaxamento da segurança no Rio e a volta prá casa, deixam o que por aqui instalaram como postos avançados ou expansão dos negócios.

domingo, 18 de outubro de 2009

MAITÊ PROENÇA VERSUS PORTUGUESES: ZERO A ZERO

A Maitê Proença foi desastrada ao divulgar um vídeo que deveria ser mostrado apenas aos amigos, e os portugueses reagiram com exagerada e preconceituosa violência verbal. Se ela demonstrou desconhecer a história esotérica de Portugal, eles demonstraram ignorância total em geografia e principalmente demografia, atribuindo aos quase duzentos milhões de brasileiros certas características peculiares a vítimas da exclusão social, como vandalismo, prostituição e outros crimes.
Além do quê, não entenderam que a cuspida na fonte foi apenas uma imitação da estátua que deveria fazer a água jorrar e, não, como gritaram, um atentado a um "patrimônio da unesco".
Mas, assim como a professora entrevistada pelo canal português relevou a ignorância da atriz em história, nós relevamos o fato deles não conseguirem siquer imaginar o que sejam duzentos milhões de pessoas.
Uma das réplicas youtubianas dizia: "Maitê Proença ofende dez milhões de portugueses!" E fico a imaginar o autor, ante o silêncio dos brasileiros, completando: "Estais a pensaire o quê? É tudo o que nós temos!"

sábado, 17 de outubro de 2009

O HÓSPEDE ZELAYA

Os italianos têm um ditado curto e grosso sobre hóspedes:

"l'ospite è come il pesce, fra tre giorni rincresce".

Na falta de rima, os italianos da colônia costumam traduzir assim: "hóspede é como peixe, apos três dias fede".

A turma do Zelaya já está hospedada há mais de vinte dias na embaixada brasileira;
como é que deve estar o ar por lá?...

sábado, 26 de setembro de 2009

HIPOCRISIA E PRECONCEITO

O povo brasileiro está, sem dúvida alguma, em crise. Refiro-me ao povo, bem entendido. Rejeitado em todo o mundo, impotente em seu país, alienado de seu próprio destino por leis e corporações espúrias, manipulado pela mídia, acuado pelo crime organizado e desorganizado, alterado pelas drogas, e mergulhado num sentimento inconsciente de culpa pelos preconceitos que se escondem nos escaninhos da mente mas teimam em não desaparecer, tenta fugir de si mesmo surfando numa onda de denuncismo que não faz mais que denunciar seu próprio interior confuso.
Moralistas de plantão forçam a guilda correspondente a censurar a propaganda do "sexo com Cauã". Duplo preconceito: velhos têm que ser assexuados; moças têm que ser recatadas. Machismo somado ao pavor da velhice. Se fosse um baita macho dizendo ao filho homem que é melhor sexo casual do que casamento teria passado despercebido.
E a complicação que um casal de sanguessugas de Brasília lançou na vida do italiano, em Fortaleza? Se fosse um homem e uma menina, ambos brancos, em carinhos filiais e paternais, ninguém perceberia. Como era um branco e uma menininha negra, ninguém pensou que pudessem ser pai e filha; a mente suja das candinhas em alerta só podia aventar pedofilia.

Tudo isso para tentar não enxergar a realidade: um país que, apesar dos índices duvidosos de desempenho econômico, dilui seus valores num mar de crueldade e crime.

Denunciem, compatriotas, denunciem; assentem seus celulares e câmeras para a intimidade alheia, devassem-na e a exponham nos youtubes da vida; enquanto isso a pressão do vulcão aumenta e suas lavas de hipocrisia, drogas e violência nos levarão de roldão, como a vingança de um Deus irado e cansado digna dos mais ameaçadores livros sagrados.
O problema é que Deus sempre foi um cara distraído: quando castiga um povo por seus vícios, atinge também os inocentes...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SE É BRASILEIRO, PAGA A CONTA...

Cardoso posava de socialista enquanto usava nossos recursos e esforços para ficar de bem com a direita do mundo. Lula, que se acha socialista, usa nossos recursos, esforços e sangue para agradar a esquerda da américa e do mundo. É o velho arrivismo atávico do político brasileiro: administra sempre pensando no próximo cargo (no caso deles, alguma auréola da onu ou da oea).
Ajuda a eleger e manter no cargo o Morales, dá direitos e proteção aos bolivianos de São Paulo, e a paga é a expulsão dos brasileiros que produzem na fronteira daquele fim de mundo. Move céus, terras e prestígios prá eleger o Lugo, e a paga é a hostilização dos brasiguaios, únicos a darem àquilo uma alternativa econômica à trambicagem. O Chaves sempre dá a impressão de que trata Lula como o bobo da corte, e os demais brasileiros como otários. Agora vem esse tal Zelaya usar nossa embaixada em Honduras como escritório político, como se fosse a casa da maria-machadão.
Se apoia tanto o Zelaya, que foi expulso do seu país por tentar convocar uma constituinte, por que, diabos, não convoca ele, o Lula, uma constituinte por aqui, já que nunca na história desse país tivemos uma de verdade?
Quer dizer que quem deseja constituinte em Honduras é mocinho, com direito até ao chapéu, enquanto o mesmo desejo por aqui é coisa de bandido?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

DE LEIS, LEGITIMIDADES, PESSOAS E COISAS...

Morreu um amigo. Ainda relativamente jovem, 64 anos. O Mussi. É bem verdade que não nos falávamos havia quase duas décadas; mas, num mundo complicado como o de hoje (em todas as épocas o "hoje" foi complicado para os de "ontem") nos encontramos mais à distância que pessoalmente. Lembro de quando ele tentou chegar à constituinte. Eu, também, tentava chegar à constituinte estadual: que pretensão! Acabei fazendo dobradinha com o Cícero e o Napoleão (outro que se foi cedo) e não com ele, que era "compañero" da velha petrobrás. Ficou um pouco chateado... Depois, vendo a quantidade de votos que tirei dele em São Mateus (será que alguém de lá se lembra de mim?) e aportei aos outros dois, pediu-me apoio numa campanha municipal; e, eu, apoiei. Nenhum dos três chegou à constituinte nacional, assim como eu não cheguei à estadual. Tentamos dar legitimidade a um processo ilegítimo; a um estelionato político condizente com a história do Brasil: a transformação em "constituinte" de um congresso eleito sob os vícios incuráveis da política brasileira -- favores, antipós, telhados e empregos. Só haveria legitimidade naquela constituinte se fosse uma convocação exclusiva, que levasse o povo a discutir leis; e, ao final, que fosse submetida a referendum... Eu e uns amigos participamos de um circo na Santos Andrade, de discussões, com a presença de meia dúzia de "cidadãos". Redigimos cartas e intenções, idéias e projetos, em minha velha olivetti lettera não-lembro-o-quê. Lembro também do Mussi um pouco antes, quando ele era secretário de segurança. Numa reunião sobre "espiritismo e constituinte", na federação espírita, ao término, tive a infeliz surpresa de encontrar vazio o lugar onde antes estava o meu carro. Como era costume na época, pedi socorro a ele, telefonei pedindo uma forcinha a fim de que a polícia se interessasse. Deu certo, dois ou três dias depois encontraram o carro; depenado, mas encontraram... Dias atrás fui a uma palestra de um daqueles amigos do circo e da constituinte, o Ney (ele fora desentocado por algumas horas de seu sítio nos confins de Itaiacoca). Na palestra ele fez uma alusão afetiva e simpática à minha maquininha lettera olivetti. Não tive coragem de dizer-lhe que ela não está mais comigo... Foi levada, junto com outras coisas, por um "cidadão" que invadiu minha casa em minha ausência; não deu nem prá ligar para o secretário de segurança, agora um "promotor", cidadão de primeira classe que eu nem conheço (como não conhecia os de "primeira classe" antes da constituinte, os militares -- na verdade, só tive amigos no poder naquele intervalo, quando o poder escapava das mãos dos militares, mas ainda não havia caído nas mãos dos novos senhores)... E a maquininha não voltou... como muitas coisas e muitas vidas hoje não voltam... nessa diluição total de direitos e valores em que a constituição ilegítima derrete lenta e imperceptivelmente o país...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

EU TENHO UM SONHO

Lembram quando escrevi este poemeto?

Eu tenho um sonho;
Um sonho de poder.
Meu sonho de poder
Era obrigar todas as autoridades,
De todos os poderes,
Em todos os níveis,
A colocarem seus filhos
Em escola pública.
Aos que já o fazem: meus parabéns!

Meu sonho de poder
Era obrigar todo juiz de direito
Estadual ou federal
A abastecer seus automóveis
Nos postos aos quais desse liminar
De reabertura,
Quando fechados por fraude.
Aos que já o fazem: meus parabéns!


Pois bem, ontem um Senador defendeu na tribuna do Senado medida semelhante à do primeiro verso. Ninguém ouviu!
Em todo caso, tomara que defenda também a idéia do outro verso...

NOVAMENTE PISOS SALARIAIS

Incrível: os governadores recorrem ao Supremo para não pagarem aos professores um piso de novecentos reais!
Então, vale repetir o que já disse lá longe...

Nosso país contrata dois jovens formados pela universidade: um, na área da educação (geralmente com pós-formação); outro, na área do direito. Ao primeiro, paga R$415,00 por mês para formar bons caráteres. Ao segundo, paga R$22.500,00 por mês para punir maus caráteres. Podemos sonhar com um bom futuro enquanto estivermos investindo na repressão 50 vezes mais (!) do que na formação?

Noutro dia a imprensa noticiava que o Congresso, pressionado pelo lobby correspondente, vai votar um projeto equiparando o salário dos delegados ao dos promotores, aumentando consideravelmente a despesa nacional. Deveria ser ao contrário: equiparar o salário dos promotores ao dos delegados. Mais: deveriam equiparar o salário dessas duas categorias ao dos professores!
Só há um projeto, ou decreto, ou seja que diabo for, que poderá salvar o nosso país, retirando-o dos indecentes níveis de criminalidade e candidatando-o à civilização; e, esse decreto seria:

Todos os servidores públicos do país, de qualquer categoria, em qualquer nível, em qualquer dos poderes, sejam ou não alcunhados de "autoridade", terão como teto salarial o salário do professor primário!

sábado, 12 de setembro de 2009

OS SEIS PODERES DA REPÚBLICA

Ao contrário do que você aprendeu na escola, a república brasileira possui seis poderes:

1 - A Imprensa
2 - O Ministério Público
3 - O Judiciário
4 - As Corporações de Ofício
5 - O Executivo
6 - O Legislativo.

Desses, você elege apenas os dois últimos e menos significantes... E se acha o dono da casa... Êita democracia arretada!...

EVOLUÇÃO

Evoluídos eram os dinossauros: dominaram o planeta bem uns trezentos milhões de anos, todo esse tempo no topo da cadeia alimentar, e não desequilibraram o meio-ambiente; acabaram extintos por um fator externo, um cometa. Já nós, os primatas, em menos de um milhão...

sábado, 29 de agosto de 2009

FOGO CONTRA FOGO

Prá que tanto esforço em combater as milícias?
Afinal, cada vez mais na história deste País,
os bandidos nos livram dos bandidos.
Vejam, por exemplo: quem está nos salvando da Globo é a Record!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009




Imagens que minha filha Dani captou na Serra do Mar.


Vocês já viram palmeira juçara "galhar"? Pois aí está: em minha chácara, no Rio Cachoeira, Antonina, nasceu essa palmeira, que se abriu em dois ramos, e um deles abriu-se de novo. Numa só palmeira, tenho três palmitos!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A LENDA DA CRIANÇA

As lendas, mais do que verdadeiras mentiras, são mentiras verdadeiras. Mesmo que fosse um jogo de palavras já teria seu valor. É que as lendas, sendo mentirosas em suas vestimentas, construídas de fantasias, dizem, ao final, coisas das profundezas mesmo de nosso ser, que de outra forma não entenderíamos. Li, certa vez (pois eu já estou na idade do ter lido não sei quando em não sei onde), que havia um povo que tinha uma lenda da criança. Segundo essa lenda, Deus teria feito o mundo de uma vez, com todas as criaturas prontas, portanto, nós todos, adultos. Mas, o mundo era muito triste, as pessoas vagavam sem ânimo, todos se esbarravam sem muito interesse em conhecer-se. Até que Deus teve um idéia genial e criou a criança! (Ou seja, claro, introduziu o mecanismo corrente da reprodução). O fato é que as coisas mudaram. Uns serezinhos que, ao lado de quererem que se lhes alimente e limpe, não têm outra preocupação senão em descobrir o mundo. Querem novidades, querem ver e entender tudo o que os cerca, sem exigências de como as coisas são ou deveriam ser. Querem absorver o mundo como ele é. Quem tem pequenos filhos, netos, sobrinhos, ou mesmo se detenha em conviver por algum tempo com um desses seres, verá como eles desnudam nossos preconceitos, destroem nossa rotina e clareiam nossa mente. Estamos sempre preocupados em como deveria ser o mundo, e, portanto, magoados porque não é mais do jeito que era, nem se parece com o que queríamos que fosse. E a criança chega e nos pede apenas que lhe mostremos o mundo como ele é, que a deixemos sentir as coisas, cheirá-las, ouvi-las, pois mais para a frente, num depois, elas saberão como mudá-las. Assim, a lenda nos diz que Deus, quando criou a criança, inventou o futuro e a esperança, e que seremos felizes se, nesses assuntos, soubermos ser crianças pela vida afora.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

DESMORALIZAÇÂO DO RECURSO DA PRISÃO

Ou desmoralização da autoridade confererida pela sociedade ao juiz.
Eu não consigo acreditar que ouço certas notícias. Uma paciente é internada em hospital particular, e este sugere à família transferência para a rede pública. Não há vagas. A família recorre à justiça, que determina a transferência da paciente em duas horas(sic!). A médica encarregada da administração dos leitos informa que não há leitos disponíveis. O juiz manda prender a médica!
Ela e detida, fica três horas e meia na delegacia prestando depoimento, é exposta na imprensa, e, possivelmente, será indiciada, tendo que destinar parte de seus rendimentos, sacrificando quem sabe a educação de seus filhos, para honorários de advogados que a defenderão dessa lambança do juiz.
Agora, eu pergunto: será que se a comunidade elegesse para juiz o padeiro da minha rua, o verdureiro da quitanda, ou o serralheiro da esquina (tal como acontecia no "velho oeste"), algum desses cidadãos tomaria uma decisão tão pouco inteligente e tão pouco sensível como esta?
Por isso eu repito: diretas já, para juiz e promotor!
(P.S. A notícia saiu no Jornal Nacional)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

OS RISCOS DA IMPORTAÇÃO

Claro que é muito saudável a permanente troca de mercadorias e idéias entre os povos. Assim como a expectativa de que, agindo com total liberdade na busca de atender seus interesses particulares, cada um acaba contribuindo para o bem estar coletivo. Mas, envolve risco.
Veja-se, por exemplo, o acontecido quando alguém, na legítima aspiração de enriquecer mas infenso a criar um caminho próprio seja por questões culturais ou pessoais, resolveu importar pneus usados. Quase viramos escoadouro mundial desse descarte incômodo.
Mais recentemente, outro brasileiro resolveu importar lixo para reciclagem. Quase viramos o aterro sanitário da Inglaterra.
Contudo, sem dúvida, o que envolve maior riscos é a importação de bandeiras. Na intenção (também legítima, claro) de crescer politicamente, candidatar-se e angariar votos, mas não possuindo criatividade própria para suscitar uma causa tupiniquim, correm ao mercado internacional de idéias políticas em busca de uma bandeira. E o valor nunca é dado ao que a bandeira agasalha em termos de conteúdo, e, sim, ao seu charme mobilizador.
Importa-se, dos Estados Unidos -- um país diferente do nosso na política, na economia, na educação e na questão racial --, a tal "discriminação positiva" e as cotas, e ganharemos como subproduto um apartheid, seja com qual sinal matemático for.
Na década de 70 chegam ao poder na Itália os partidos de esquerda portando, entre outras, a bandeira da luta antimanicomial. Dramáticos como são os italianos, saíram a derrubar a marretas os muros dos hospícios, libertando alguns, mas lançando outros ao abandono das ruas ou à desorganização de famílias. Na década de 80, toda a sociedade recuou e restaurou a instituição. Evidentemente corrigida nas piores falhas, o que seria o correto desde o começo. E, finalmente, na década de 90 as esquerdas brasileiras, carentes de causas ou de sensibilidade para descobri-las em nossas necessidades, importaram essa bandeira rota e abandonada pelas esquerdas italianas.
O mais trágico nessas causas importadas é a carência de senso crítico que se desenvolveria naturalmente se a idéia fosse gestada localmente ou decorresse de necessidades nacionais. Sem essa massa crítica, elas são assimiladas apaixonada e irracionalmente pelos que se julgam por elas beneficiados, e qualquer um que tente argumentar em sentido contrário torna-se um potencial inimigo. Assim, quem argumenta contra as cotas é acusado de racista. Quem, por labutar na área, sabe que existem muitas pessoas necessitadas de períodos de internação -- seja para defendê-la dos outros, os outros dela, ou ela de si mesma; ou, ainda, por causa da mania de nossos políticos de começarem as reformas pelo telhado, criando leis que obrigam coisas para as quais ainda não foram criadas as condições materiais --, e argumenta contra o delenda internamento, é acusado de estar defendendo seus próprios interesses. Aliás, em muitos casos, se fossem antes criadas as condições materiais, a lei se tornaria desnecessária, e com ela a bandeira, e com esta os votos.
Talvez mais trágico ainda do que isso tudo, seja a presteza com que os poderes do Estado adotam tais bandeiras importadas, de olho na diminuição das despesas públicas, o que permite sobrar numerário que garanta a manutenção do maior, mais caro e mais inoperante contingente de servidores públicos que a história humana jamais viu. Assim, ao invés de investir pesado na educação de base, cria-se uma lei de cotas como paliativo. Ao invés de melhorar a saúde pública e corrigir as gritantes aberrações hospitalares, extingue-se os hospitais psiquiátricos. Em lugar de uma política eficiente na proteção da velhice, joga-se o problema para o contribuinte, obrigando um cidadão a conviver com quem nada fez durante a vida para lhe conquistar o afeto ou o respeito, exigindo-lhe uma responsabilidade que seria meritória se assumida voluntariamente, mas torna-se uma violência à liberdade individual quando imposta.
Enfim, assim como há uma alfândega que protege o erário da sonegação fiscal, deveríamos desenvolver uma barreira crítica que nos protegesse da importação de idéias e soluções.

domingo, 12 de julho de 2009

LEIS CEGAS (OU BURRAS?)

Tem que ser assim?
Bairros são dominados por traficantes que exercem seu trabalho durante anos, aterrorizando moradores, com incômodo mínimo pela polícia.
Casas são invadidas por homens armados e, mesmo com telefonemas de vizinhos, a polícia comparece apenas várias horas depois, com as indefectíveis pranchetinhas de anotar a ocorrência.
Carros e residências são roubadas e não acontece a mínima investigação, mesmo havendo sempre suspeitos citados por moradores, vizinhos ou seguranças.
Por outro lado...
O caso da menina Rita, que caiu do quinto andar, por flagrante fatalidade (a família estava numa festa julina, a pequena dormiu, a mãe levou-a à cama e voltou prá buscar a filha mais velha, no pátio, nesse lapso de tempo, a criança acordou e debruçou-se na janela), o delegado apressou-se em prender em flagrante os pais da criança, indiferente à sua dor, à dor da filha que permanece sem saber o que fazer, e o atropelo dos tios que não sabem nem mesmo como sepultar a vítima.
O caso dos dois jovens estudantes da faculdade de São Carlos que pesquisavam as causas do aquecimento global, retirando lama do fundo de uma lagoa no Mato Grosso, com as devidas autorizações do Ibama, mas, como tinham com eles, num projeto de intercâmbio, três estudantes americanos, para os quais julgavam não ser necessária a licença, pois já a tinham para aquele trabalho, e que foram presos em flagrante (os cinco) por um delegado da polícia federal e indiciados.
Um dos caso é, flagrantemente, uma fatalidade.
O outro caso é, flagrantemente, um engano, ou má interpretação da burocracia.
Num dos casos, a lei e a ordem acabam de destroçar uma família já enlutada.
Noutro caso, a lei e a ordem contribuem para inibir a pesquisa já tão debilitada em nosso país.
Mas, os primeiros casos citados são flagrantes desrespeitos à vida, à propriedade, ao direito de locomoção, das pessoas. No entanto, é tão difícil "dar o flagrante", alega a polícia quando é cobrada.
Por que não o mesmo empenho da lei, da justiça e da polícia em punir os crimes bárbaros, quanto em punir enganos, erros, esquecimentos?...
Que fizemos de nosso país?
Em que escala baseamos nossos valores?

Continuemos, inertes, observando, e vamos resvalando todos, sem exceção, mesmo os representantes dos podres poderes, para o fundo do abismo onde nos espera a submissão ao crime organizado...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O FASCISMO ENDÊMICO

Hoje, podem falar o que quiserem; mas, eu lembro muito bem. A grande maioria do povo brasileiro apoiava a ditadura militar. Mudaram, quando mudou a Globo. Diversas vezes tive que baixar a cabeça e me calar ante amigos ameaçadores nas discussões políticas (uma vez que, naquele tempo, pobre ingenuidade, eu era de esquerda); amigos que apoiavam abertamente o regime e ostentavam, orgulhosos, suas filiações à arena, o partido do governo; para logo depois, com os novos ventos internacionais e midiáticos, amanhecerem anti-ditadura desde pequenininhos. E por que o povo brasileiro apoiava a ditadura? Porque o fascismo é uma endemia cultural do nosso povo. A ditadura, simplesmente, dava-lhe justificativa legal (ainda que não legítima).
Provar o que digo? Veja o caso da obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo. Não era exigido nem no Brasil, nem em canto nenhum do mundo civilizado. Pois bem, visando controlar melhor a imprensa, a ditadura militar o implantou em 1969. Casou tanto com a alma do brasileiro, pegou tanto, que a ditadura acabou e essa exigência espúria continuou. Agora, que num lance de lucidez o STF a aboliu, o corporativismo salazarista grita.
Mas, o mais tragicômico é o argumento que usam: vai prejudicar a educação no Brasil!
Ora, como se nossa educação estivesse indo muito bem, obrigado, e tal decisão fosse miná-la. Como se ela fosse pior antes de tal exigência. Como, por fim, se nos países onde nunca houve tal exigência a educação fosse pior que a nossa!
Se a moda do retorno à democracia e à liberdade pegar e atingir outras profissões, nossa educação irá melhorar, e muito. Teremos um salto qualitativo. Isto porque as faculdades deixarão de ser cartórios que conferem direitos de acesso a fatias de mercado reservado, e terão que concorrer com as formas ancestrais, eternas e naturais de formação para o oferecimento de um serviço qualquer necessário à sociedade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

LIBERDADE DE IMPRENSA

A lei brasileira de imprensa, que exigia a obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalismo, era um entulho autoritário do tempo da ditadura militar. Não só essa lei, mas toda a prática generalizada de regulamentação de profissões, é um artifício fascista para melhor controlar a sociedade. Não entendo como muitas pessoas esclarecidas não vêem isto. Ou vêem, mas lhes interessa a inibição da concorrência.
Agora, o Supremo Tribunal Federal implantou a verdadeira liberdade de imprensa no país. Isto não seria função do legislativo? Do Congresso Nacional? Sim. Então, por que não foi implantada pelo Congresso? Por que tal entulho autoritário não foi removido no momento devido e adequado que era a elaboração da nova Constituição, em 1986/1988? Resposta: porque o sindicato dos jornalistas lotou as galerias com a ameaça de "gelar", impedir a frequencia à midia, dos congressistas que votassem contra essa esdrúxula obrigatoriedade. Podem consultar os jornais da época e encontrarão esta verdade histórica registrada. Por isso que eu digo e repito que essa constituição é ilegítima!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

VIVA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

A Suprema Corte do País, numa decisão lúcida, aboliu essa excrescência jurídica corporativista salazarista que era a exigência de diploma universitário para que alguém expressasse seus pensamentos, coletasse e transmitisse notícias e idéias, publicasse um jornal, enfim, tudo o que é necessário para o exercício do jornalismo.
Que a liberdade estenda suas asas também para a profissão de artista, modelo, corretores,e tantas outras cujo acesso é dificultado e cuja criatividade fica tolhida pela obrigatoriedade de todos seguirem os mesmos caminhos.
Tenho certeza de que as faculdades de jornalismos vão passar por sensíveis progressos dada a necessidade que agora terão de que seus formandos concorram com os jornalistas formados na prática, na realidade. Até então, elas eram simples cartórios que conferiam a alguém o título e o direito do exercício profissional; desnecessitadas, portanto, de qualquer capacidade.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O MEDO DA CONCORRÊNCIA

Deu no jornal.
Aquela menina chamada Priscila, que participou do último BBB, não pode ser atriz. Uma odiosa reserva de mercado da guilda correspondente a impediu:
"O elenco de "Malhação" se uniu na Globo para impedir que Priscila entrasse na novela. O motivo é o fato de ela ser ex-BBB e não atriz."
Esse corporativismo medieval é o que impede o progresso e estimula a dependência cultural nos países ibero-americanos.
Além dessa atitude anti-humanista impedir o desenvolvimento das potencialidades individuais e a livre expressão das pessoas, ainda prejudica a ordem econômica, pois os serviços são da sociedade não dos grupos.
Quem garante que oferecem melhores serviços aqueles que são formados pelos que já se formaram por outros já formatados?
O progresso só se faz quando apostamos nas novidades e na diversidade; quando aceitamos as novas contribuições que surgem por novos caminhos, reciclando as vias tradicionais que oprimem impondo sua mesmice.

domingo, 14 de junho de 2009

O CASO SUSAN BOYLE

Não é fácil para uma pessoa,além de ter alguns transtornos de personalidade decorrentes de acidente no parto, ter que administrar uma fama repentina, tardia, depois de 48 anos de uma existência em que recebia atenção limitada.
Susan Boyle, que já viveu uma vida exemplar dedicada à sua família, poderá ainda dar uma imensa contribuição à humanidade com sua voz bela e afinada.
Mas, vai precisar de ajuda. O mercado não poderá absorvê-la com a mesma voracidade com que costuma atacar jovens que não fogem ao padrão. Espero que os responsáveis por ela se contentem com uma velocidade menor: um show, seguido sempre de um tratamento de stress. Assim ela aguenta.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

DANÇANDO À SOMBRA DO VULCÃO II

A economia vai bem. A qualidade de vida vai mal.
A crise financeira internacional demora prá vencer nossas amuradas e penetrar em nosso território devido ao vigor de nosso mercado interno, que tem compensado as quedas nas exportações.
E sabem por que vai bem nosso mercado interno? Porque o cidadão honesto, trabalhador, que paga escorchantes impostos para sustentar poderes inúteis, adquire com sacrifício um determinado bem, digamos um televisor; o excluído (se assim o é por razões sociais ou próprias, não sei; só sei que são, excluídos e incluídos, feitos da mesma cepa, e no entanto...) invade o reduto sagrado do seu lar e surrupia o televisor; ele, pacientemente, compra outro; vem outro excluído e grau! leva o outro televisor; ele, pacientemente, compra um teceiro. Pronto; o governo pode festejar as estatísticas que lhe garantem que no mercado se vendeu três televisores no período!
Isto não é qualidade de vida, nem para o incluído nem para o excluído.

domingo, 7 de junho de 2009

DANÇANDO À SOMBRA DO VULCÃO

Não vai demorar muito e veremos as estatísticas oficiais demonstrarem que a criminalidade está em baixa. E essas estatísticas não estarão mentindo, uma vez que elas se baseiam nas queixas apresentadas, nas ocorrências registradas, enfim, nos famigerados BO's. Acontece que a criminalidade está crescendo de tal maneira, as ocorrências de furtos e roubos tornaram-se tão banais, que poucas pessoas animam-se a registrar a ocorrência, a darem queixa. E depois, darem queixa prá quê? Quando há seguros envolvidos, ainda a queixa é dada apenas para cumprir um quesito burocrático. Se não há seguro, o cidadão honesto, contribuinte, curte uma depreçãozinha, e assimila a perda do bem, adquirido com suados esforços e a despeito da enorme sangria que o Estado fez nos frutos do seu trabalho para sustentar os inúteis e podres poderes da nação. Queixa prá quê, se a polícia aparece no local do roubo mais de hora depois, armada com indefectível pranchetinha para registro da ocorrência, e lamentando que nada podem fazer.
Gente, as escolas, as ruas, a ordem, a traquilidade, os valores que construíram nossa sociedade, estão derretendo, e logo, logo, os dançarinos da Ilha Fiscal, que vivem outra realidade devido aos astronômicos salários que recebem, ficarão com a única alternativa de serem pagos pelo crime organizado!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A DISCRIMINAÇÃO DO CICLISTA

Existem coisas proibidas por lei; existem coisas proibidas na prática.
A bicicleta é algo terminantemente proibido pela população e pelas autoridades.
(Separo "população" e "autoridades" porque nossa democracia é uma falácia).
E ninguém se dá conta de que a bicicleta, talvez o objeto mais útil e salvador de todo o ecossistema, é proibida (e, como tal, reprimida).
Os motoristas (de ônibus, caminhões e carros) a vêem como uma intrusa nas pistas; o que os leva a negligenciarem medidas e práticas de proteção. Se um ciclista é atropelado, todos anestesiam suas consciências pensando num "também, por que estava na pista dos veículos motorizados".
Os pedestres a vêem como uma invasora nas calçadas, a lhes ameaçar o andar livre e distraído.
E o poder público (muito mais "poder" que "público") não se preocupa em construir espaços específicos para elas. Quando o fazem, colocam lama asfáltica numa calçada e a apelidam de "ciclovia"; irritando mais ainda o pedestre que vê seu espaço invadido com ares de oficialidade.
E assim, prosseguimos todos, supervalorizando os monstrinhos fumacentos que ameaçam o ambiente inviabilizando a vida...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O CASO DO DEPUTADO

Faz pensar, esse caso.
Pelo que dizem os jornais, um deputado estadual de 26 anos, com a carteira de motorista suspensa por acumular 130 pontos, 30 infrações, sendo 23 por excesso de velocidade, sai completamente bêbado de um restaurante, dirige a 190 quilômetros por hora, bate noutro carro e mata dois jovens estudantes.
Por que o povo o elegeu?
Tão jovem, terá tido expressiva participação, seja na política estudantil, seja em algum movimento de massas, para merecer os votos que recebeu? Não há notícia disto. E, pela maneira destrambelhada que levava a vida vê-se que não foi por dotes pessoais que o elegeram. Sem dúvida nenhuma, os que o sufragaram obedeceram ao mando de seu pai, um poderoso cacique político regional.
Ele foi eleito, em pleno século XXI, pelo voto de cabresto!
É isto que faz pensar.
Várias vezes, inclusive neste espaço, critiquei o processo que gerou nossa constituição: um congresso constituinte, ao invés de uma assembléia específica para o mister. Disse que isto cerceou (melhor seria dizer "cercou") o debate popular. E defendo a convocação de uma assembléia constituinte exclusiva, com temporária inelegibilidade dos membros após a aprovação da constituição em referendo popular. Defendo uma democracia verdadeira, onde seriam eleitos diretamente todas as autoridades que nos governam, em todos os escalões, de todos os poderes.
Mas, um caso desses me faz pensar.
Saberia, nossa população, votar e eleger corretamente seus melhores representantes e governantes?
Quantos são os casos de filhos e netos de caciques políticos eleitos apenas pelo comando dos pais ou avós? Quantos são os eleitos pelo poder econômico de distribuir empregos, tijolos, cestas básicas e outros agrados?
Se não temos maturidade, como povo, para uma democracia direta, é justo então que permaneçamos com esta democracia tutelada, com uma constituição feita por grupos e elites, permeada de cláusulas pétreas que protegem interesses de corporações -- econômicas, jurídicas ou burocráticas -- e guildas eufemísticamente oficializadas como "conselhos de classe" ou "autarquias"? Sim, porque os bêbados, fanfarrões e corruptos que elegemos tornam-se, por sua própria natureza, reféns dessas instituições que aprovam os projetos que desejam.
Qual seria a alternativa para um povo tão imaturo e incapaz de gerir a si mesmo? Uma ditadura? Talvez sim, mas aí teríamos que ter a sorte de que nos subisse a cavaleiro um bom tirano, por que senão, seria pior. Se é que dá prá ficar pior do que está: uma nação onde o cidadão é obrigado a sustentar no poder uma elite (a vontade inicial era dizer "uma corja") que não lhe garante nenhum direito; nem à propriedade, nem ao livre trânsito, nem mesmo à vida e integridade física dele e sua família.

sábado, 9 de maio de 2009

SE OS JORNAIS DISSESSEM A VERDADE

Haveria uma manchete assim:
PM'S SOCORREM ASSALTADO, UMA HORA DEPOIS, EMPUNHANDO BRAVAMENTE UMA PRANCHETA!

Ou outra assim:
REQUIAO REARMA PM: AUTORIZA LICITAÇÃO DE PRANCHETAS!

Mas, um bom jornal não faz manchetes tão longas. Se bem que, é apenas isto que anda fazendo nossa PM: chega nos locais assaltados sempre muito tempo depois; e sempre empunhando a pranchetinha prá registrar a ocorrência...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A JUSTIÇA DESTRUÍDA

Já tinha notado. Mas, agora, fiquei sabendo quem a destrói. A boa filosofia mineira diz que quando você aponta o dedo indicador acusando alguém, você está apontando outros três dedos para você mesmo. Confira a posição da mão no ato. O ministro Joaquim apontou o dedo para o ministro Gilmar, acusando-o de destruir a justiça brasileira. Até concordo. Mas, concordo mais ainda com os três dedos que ele apontou para si mesmo, confessando que destrói três vezes mais que o outro!
Por isso repito: eleições diretas já... para juízes e promotores! Assim, cada cidadezinha escolheria os seus, como no faroeste americano. (Já que, atualmente, o faroeste é aqui; e, sem mocinho, só com bandidos).
Tenho certeza que o padeiro e o verdureiro de minha rua se sairiam melhor que eles.
Enquanto isto, nossas autoridades dançam à beira do vulcão os últimos "bailes da ilha fiscal".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A ORIGEM

Outro dia eu vi na tv o físico falando sobre a origem do universo. Toda a matéria, todas as galáxias, tudo o que conhecemos, estava condensado num núcleo, como se fosse um átomo, do tamanho da cabeça de um alfinete, e era quente. Como se sabe que tudo que é quente tende a se esfriar, ou tudo o que é tensionado, oprimido, tende a explodir, o átomo original explodiu, expandiu-se e deu origem ao universo. Mas, penso eu, essas tendências poderiam ser diferentes. Podiam ser de tal forma que uma compressão não produzisse nada, ou que a ausência do frio esquentasse -- e, não a recíproca --, ou outras tendências igualmente diferentes.
As tendências conhecidas e reconhecidas, as leis que fazem com que o que esquenta tem que esfriar, ou o que se comprime tem que explodir, e etc., não estão no universo? Como, se, segundo o físico, são anteriores a ele? Teríamos, talvez que falar num pré-universo, ou num meta-universo, ou seja, em um "local" ou "tempo" onde estão essas tendências e essas leis que produziram o big-bang? E por que não chamarmos esse meta-universo de Deus?

A CIDADE

Sonho com a cidade da minha infância,
com muros baixos e portões abertos,
fechados apenas no mês de cachorro louco.
Agora, os cachorros estão sempre loucos
e saltam aterradores nos quintais,
obrigando todos a terem grades e
muros altos...

O SILÊNCIO E A VERDADE

Jesus calou-se ante Pilatos,
porque a verdade é a origem,
e a origem é o silêncio,
até que deus disse algo,
e algo se fez...

domingo, 12 de abril de 2009

AS BOAS AÇÕES E AS NECESSIDADES

Todo mundo conhece a piadinha do escoteiro que chegou atrasado no acampamento porque estava realizando sua boa ação do dia -- ajudar uma velhinha a atravessar a rua --. E a pergunta do Chefe sobre o tempo que isto demorou; e a resposta de que a velhinha não queria atravessar a rua.
Lembraram... e riram nostalgicamente...
Mas, o que muita gente não sabe é que num outro dia, quando a velhinha realmente queria e precisava atravessar a rua, o escoteiro não se dispôs a ajudá-la, e relacionou várias desculpas -- não podia; já tinha feito o possível; estava de consciência tranquila, quites com sua boa ação, etc --.
Quanto se pode aprender com uma simples piada...
Principalmente se a cotejarmos com a parábola do bom samaritano, que aquele sábio da Galiléia contou, e observarmos a diferença entre os que se propõem salvar o mundo e a humanidade e os que simplesmente se debruçam sobre as necessidades do próximo.
Porque muitos de nós somos assim: prontos para fazermos o "bem" no momento que quisermos e da forma que nos apraz. Indiferentes às reais necessidades do próximo. Esse procedimento às vezes transforma o nosso "bem" em "mal"; pois ele se materializa numa "boa ação" inconveniente, algo que o "beneficiado" não precisa, não deseja, e nem sempre está pronto para recebê-lo. E o pior, a sensação egoísta do "dever cumprido" nos cega e nos leva a racionalizações que justifiquem nossa omissão nos momentos de necessidades reais e imediatas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O CÃO PORTUGUÊS DE OBAMA

Li, no Caderno do Saramago, que o cão selecionado para as filhas do Obama, na Casa Branca, é um cão d'água português. Essa informação me levou a um texto lido na infância, não me lembro o autor -- e quem me lê, na certa estará reconhecendo o texto e se lembrando, "ah, é de fulano"; ou, pior prá mim: "ah, foi na Seleções" --. Mas, a história é a seguinte. O sujeito mudou-se com o cão para uma pequena cidade -- do interior, já que o interior, não o litoral, alberga a maioria das pequenas cidades --. Passava os dias lidando com seus textos, enquanto o cão passeava livremente pelas ruas e casas ainda sem cercas. Um dia o sujeito também saiu a passear e, passando em frente ao açougue, lembrou-se que precisava comprar carne. Feito o pedido, a pesagem e o embrulho, levou a mão ao bolso e descobriu-se sem a carteira. O açougueiro já olhava desconfiado o forasteiro, quando adentrou o estabelecimento o cão, voltando de um de seus passeios e começou a fazer a festa que os cães sempre fazem aos seus donos. O açougueiro imediatamente baixou a guarda, sorriu amistoso, e perguntou o que já descobrira por si: "É seu cão?" "Sim", respondeu o forasteiro. "É um bom cão, gosto muito dele; a carne o senhor leva e paga amanhã, quando vier mais prevenido". O cão foi seu avalista. Já me aconteceu coisa semelhante. Andando pelo bairro, encontrei meu cãozinho confraternizando com um vizinho. Era um tempo em que eu trabalhava o dia todo, à noite estudava ou participava de algum movimento de amor ao próximo, por isso não tinha tempo de conhecer meus próximos mais próximos: os vizinhos. O Bob acorreu feliz ao meu chamado, e o vizinho -- como todo mundo hoje em dia prevenido e desconfiado com estranhos -- abriu-se num sorriso amigável: "É seu, o cãozinho? Muito simpático; gostamos muito dele". E entregou-se descontraído à nova amizade, transferindo ao dono as qualidades que já identificara no animal.
Daí, lamentei não ter sido um cachorro brasileiro o escolhido pela imperial família. Não poderíamos ter melhor representação. Mas, qual é mesmo o cão brasileiro? É o fila, não? É, não é um ser muito diplomático...

domingo, 8 de março de 2009

EMPREGO PARA OS MEUS

Deu no jornal:

"O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, rebateu hoje as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua decisão de excomungar os envolvidos --a mãe e os médicos que realizaram o procedimento-- no aborto da menina de nove anos.
O arcebispo disse que Lula deveria procurar assessoria teológica para falar com mais propriedade sobre o tema."

Viram só; que cara inteligente? Além de assustar o povo com excomunhões, pretende arranjar uns empreguinhos para o seus. Quer que o presidente acrescente à sua equipe alguns ASSESSORES TEOLÓGICOS. Como o Lula tem sido imitado aqui e alhures, a moda pode pegar, e cada governador, cada prefeito, também poderá ter o seu.
Qual seria o ordenado de um ASSESSOR TEOLÓGICO? Certamente, o Assessor Teológico Federal (do Lula), ganharia mais que o Assessor Teológico Estadual (do Requião). E o Richa, teria um Assessor Teologico Municipal?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ONDE JOGAR O DINHEIRO

Os Estados sempre injetaram dinheiro em suas economias. É por isso que os grupos se mobilizam gastando horrores para elegerem seus preferidos: de olho nas construções, nos financiamentos, nos subsídios. Durante milhares de anos, jogaram esse dinheiro "por cima"; ou seja, entregavam nas mãos dos ricos empreendeddores, certos que estavam injetando dinheiro na sociedade. Só que tais empreendedores, primeiro separavam um pouco prá continha no paraiso fiscal; depois, compravam mais uma grande propriedade num paraiso de fato; depois, propriedades em solo pátrio, com direito a troca da frota de veículos de toda a família. Assim, bem menos do que saiu dos cofres públicos chegava na obra; e, muito menos ainda nas mãos dos trabalhadores. Neste século, o Lula inovou: passou a jogar o dinheiro "por baixo": criou inúmeras bolsas a fim de injetar dinheiro diretamente na mão do povinho. A grita era geral: "sustentando vagabundos; dando dinheiro de graça a quem não trabalha". Mas, entre os vagabundos de cima e os de baixo, ele preferiu os de baixo. Um vagabundo que recebe R$50 ou R$100 do governo, não vai colocar numa conta na Suiça; nem comprar um apartamento em Miami. Vai é correr até a venda da esquina comprar papel higiênico prá aposentar o sabugo; o dono da venda junta o dinheiro de todo mundo e manda reformar o prédio; o fabricante de material de construção junta o de todos os vendeiros e... a roda gira... Daí, quando todo mundo do mundo pára de comprar e a crise econômica chega, nós temos um mercado interno razoavelmente forte prá compensar, e podemos nos dar ao luxo de sofrer em menor escala a crise.
Agora, o nordestino que chegou a São Paulo num pau-de-arara fez escola. Obama, num lance de coragem, assusta economistas e desdenha o deficit americano fazendo o quê? Jogando dinheiro por baixo. Parabéns, Obama, por aprender com os humildes!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A GENI DO GLOBO

Eu disse que o brasileiro tanto apanha e é maltratado lá fora que podemos chamá-lo de "Geni" do mundo atual. Vejam a letra abaixo da música do Chico Buarque, "Geni e o Zepelim"; substituam "Geni" por "Brasil", "Zepelim" por "Crise Econômica", "cidade" por "mundo", e vejam se não tenho razão:

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

ALÉM DO VEXAME

Que vá que a menina tenha mentido. Seja por influência do "lupus", seja por pressões desconhecidas. A mentira foi grave, na medida em que teve consequencias maiores do que ela esperava. Mas, continuo achando de fundo fascista e xenófoba a atuação da polícia, pressionando-a já no primeiro momento do atendimento, e chamando-a de "golpista" apenas dois dias depois. Nunca fariam isto com um cidadão europeu ou americano. E, não retiro nada do que eu disse sobre o tratamento dispensado a brasileiros no aeroporto de Madrid.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

EUROPA DE VOLTA À BARBÁRIE

Essa notícia da advogada brasileira (bem sucedida, diga-se de passagem) retalhada por nazistas na Suíça (e o descaso da polícia no caso), mais o que se tem dito do tratamento fascista dado aos brasileiros nos aeroportos europeus, me levaram a concluir que não é o caso de sermos, os brasileiros, a "geni" do mundo; o caso é que a velha Europa está voltando à barbárie, mesmo. Fatos como esses só se justificam numa Europa que retoma sua vocação nazi-fascista, de triste memória; e, o pior: desta vez incluindo a Inglaterra e a França (que no episódio Nazismo I se mantiveram do lado da civilização), e o beneplácito dos USA!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ITALIANO NÃO DÁ NÓ SEM PONTA...

O Ignazio La Russa queria cancelar o amistoso da seleção italiana contra a seleção brasileira porque sabia que iria perder. Daí, deu a desculpa de que era por causa do Cesare Battisti...