quinta-feira, 3 de maio de 2012

MIA COUTO

Mia Couto, que delícia!
De início temi pela ousadia: retrazer Rosa tão intenso... vai aguentar?
Depois vi que não é pastiche. É a mesma musa-alma da poesia em prosa, fluente como as águas do Chico ou do Jequitinhonha, que voou corajosa desde a banda oeste do Atlântico até o calor do Índico, encontrando os mesmos sertanejos nas mesmas e intermináveis guerras, sempre prelúdios de paz interna, calmante, serenidade de vida...

Mia Couto reforça minha convicção de que no universo lusofônico se produz filosofia na literatura: e tão profunda quanto despretensiosa.

Como é rica e fecunda a literatura de língua portuguesa: sempre nos surpreendendo com o novo remoçado e o velho renovado no dínamo da atemporalidade.
Eu parei na metade a leitura do Mia Couto, a modo de ir fruindo devagar, deixando um pedaço prá mais tarde, na fé de não acabar nunca.
Como fazia na infância, com o trocado do primeiro sapato engraxado abordava a mulher da cesta e comprava uma suculenta geléia de mocotó e comia metade guardando o resto prá comer aos pedacinhos a fim que a gostosura durasse na boca a manhã toda.

ESTÓRIAS ABENSONHADAS
Mia Couto
Companhia das Letras

Nenhum comentário: