sábado, 30 de setembro de 2017

O TEMPO NÃO EXISTE.(NÃO, MESMO?)


O tempo não existe, é o que estamos acostumados a ouvir.
E o que seria a vida sem o filosofar? Como dizia o professor Dreher, da filosofia da Federal, "todo mundo filosofa; e, quem diz que não filosofa, já filosofou para dizer que não filosofa". Então vamos filosofar... Voltando ao que não existe: o tempo. Afinal, quando nascemos encontramos toda uma eternidade anterior a nós e divisamos toda uma eternidade à nossa frente. Ao chegarmos na idade da paciência, olhamos para trás e continuamos vendo toda uma eternidade; olhamos para a frente e só vemos a eternidade. Portanto, estamos onde sempre estivemos; não passou um naco de tempo; logo, o dito cujo não existe.
Mas... se não fosse pelo "mas"... também ouvimos dizer que na prática a teoria é outra. Da filosofia à ciência e ao impulso de tudo testar, experimentar, refutar... Querem fazer isto com o tempo? Experimentar, ver se existe ou não? Entrem na melhor máquina do tempo já inventada: o cinema. Em sua distribuidora moderna: o Netflix (e nem cobro pela propaganda). Selecionem o filme "Descalços no Parque", de 1967, com Robert Redford e Jane Fonda, que já formaram o casal mais bonito do mundo (sucessivamente vencidos por outros e outros mais bonitos para suas respectivas épocas). Pipoca, guaraná e boas risadas, com os chistes inocentes dos bons tempos, antes que a economia do pós-guerra nos avisasse que é tão normal quanto antes: sujeita a crises; antes que a verdadeira guerra do Vietnã fosse mostrada; antes do estonteante êxodo rural; antes da criminalidade desenfreada, quando se podia marcar o lugar no estádio de futebol com a carteira. Enfim, descontração, relaxamento, leveza. Pausa para o xixi. Voltem à mesma cápsula do tempo, selecionem "Nossas Noites", da mesma dupla, de 2017. Preparem a pipoca com cobertura de caramelo, para amenizar o choque. Assistam, e me digam se continuam pensando a mesma coisa sobre a inexistência do tempo. Porque, afinal, somos todos filhos do tempo. Acho que falta em nossa mente um programinha para pensarmos a vida sem ele.
E, não adianta eliminar o "mas", pois ainda sobra o "porém", o "todavia", o "contudo" e, até a simpática expressão "só que"...