Em certas épocas do ano, como neste 20 de janeiro, quando se lembram vitórias portuguesas sobre franceses ou holandeses nas lutas pela posse das terras brasilis, alguns são acometidos de um saudosismo sobre um futuro do pretérito ou de possibilidades que não aconteceram. Como seria se o Rio de Janeiro ou São Luís do Maranhão fossem franceses? Se Calabar não fosse um traidor e, sim, um idealista, e tivesse vencido, teríamos um Pernambuco holandês? Ou uma Bahia holandesa, porque lá também tentaram? Conjecturam que se o jovem regente D. João não agisse com inteligência e resolvesse bancar o herói contra Napoleão, seria preso e, o Brasil, ao invés de tornar-se Reino Unido, ficaria à deriva, e não faltam historiadores dizendo que o outro Reino Unido, aquele, exigiria o nosso Sul, de clima mais favorável, como pagamento de uma restauração. Enfim, não faltam os que lamentam a chance de hoje serem franceses, holandeses e, até ingleses, ao invés de portugueses, esquecidos de que Nova Iorque ou o Canadá não sentem o mesmo clima dos trópicos ou do Equador. À parte a observação de Darci Ribeiro de que Portugal e Espanha criaram países, enquanto a Inglaterra fez apenas cópias de si mesma (e eu completaria: quando não, colônias eternas), teríamos hoje alguma vantagem com outros colonizadores? Vejamos. Os que sonham com um Brasil holandês poderiam ver-se obrigados a contentar-se, quando muito, com um Suriname em Pernambuco e outro na Bahia. Os que sonham com o Brasil francês teriam uma Caiena no Rio e outra no Maranhão, cuja vantagem sobre um Suriname seria apenas a moeda. E no Sul, com o azar que tem esta terra, poderíamos muito bem ter uma República da Guiana, que hoje treme ante a pobre Venezuela. Se a sorte nos bafejasse e os ingleses se encantassem com o clima, até que poderíamos no Sul ter uma Austrália mas, dificilmente uma Nova Zelândia. Melhor do que lamentar sobre o que seria se não fosse é restarmos contentes com a herança recebida e vermos o que se pode fazer com ela.
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