O Schopenhauer andava louco prá colaborar neste blog. Assim, dei-lhe uma chance. Mas, trouxe-me um texto de 150 anos! Julguem se serve...
"... só chegará a elaborar novas e grandes concepções fundamentais aquele que tenha suas próprias idéias como objetivo direto de seus estudos, sem se importar com as idéias dos outros. Entretanto os eruditos, em sua maioria, estudam exclusivamente com o objetivo de um dia poderem ensinar e escrever. Assim, sua cabeça é semelhante a um estômago e a um intestino dos quais a comida sai sem ser digerida. (...) Não é possível alimentar os outros com restos não digeridos, mas só com o leite que se formou a partir do próprio sangue. (...) Diletantes, diletantes! -- Assim os que exercem uma ciência ou uma arte por amor a ela, por alegria, per il loro diletto , são chamados com desprezo por aqueles que se consagram a tais coisas com vistas ao que ganham. Esse desdém se baseia na sua convicção desprezível de que ninguém se dedicaria seriamente a um assunto se não fosse impelido pela necessidade, pela fome ou por uma avidez semelhante. O público possui o mesmo espírito e, por conseguinte, a mesma opinião: daí provém seu respeito habitual pelas "pessoas da área" e sua desconfiança em relação aos diletantes. (...) O grande público culto busca viver bem e se distrair, por isso deixa de lado o que não é romance, comédia ou poesia. Para, excepcionalmente, chegar a ler algo com o objetivo de se instruir, o público aguarda antes uma carta de recomendação com o selo daqueles que mais entendem do assunto, declarando que de fato se encontra ali um ensinamento válido. E os que mais entendem do assunto, supõe o público, são as pessoas da área. Ele confunde, assim, os que vivem de uma matéria com os que vivem para uma matéria, embora essas duas atividades raramente sejam exercidas pelos mesmos homens. Como Diderot já disse, em O sobrinho de Rameau, a pessoa que ensina a ciência não é a mesma que entende ela e a realiza com seriedade, pois a esta não sobra tempo para ensinar."
Suponho que, hoje em dia, os tais diletantes sejam conhecidos pelo nome de amadores.
Quando encontrá-lo eu pergunto...
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