Antigamente a gente conseguia saber quem eram, ou o quê eram, nossos amigos. Mesmo quando ficávamos muito tempo sem ver alguém, ao reencontrá-lo podíamos perguntar sobre a esposa, lembrar de alguma novidade sobre sua religião, ou convidá-lo para uma cerveja num bar ou alguma casa noturna conhecida de ambos. Hoje, você se despede de um amigo espírita; reencontra algum tempo depois com ele evangélico; e, mais alguns meses, budista. No próximo Ano Novo, prepare-se, será espírita de novo, reiniciando o ciclo que por certo incluirá outras crenças. Quanto ao estado civil, não foi apenas uma vez que me aconteceu de rever um amigo de muito tempo, perguntar-lhe sobre a esposa, e ele, sadicamente, responder apenas: "ela está logo ali; quer cumprimentá-la?" Lá vou eu esperando encontrar uma velha amiga, quando dou de cara com uma mulher completamente diferente, ou mais alta, ou mais loira, ou vice-versa, mas que me custa alguns segundos de surpresa e constrangimento. E o velho companheiro de bar e de paquera, agora é um gay assumido. Ou aquele amiguinho do colégio, que todo mundo discriminava, mas você, bonzinho, acolhia e mantinha a amizade, agora você reencontra, e quando espera que ele te apresente seu atual "amigo", ele aparece com uma loiraça de metro e tanto de pernas... e legítima! E não me venham os militantes GLS afirmarem, cheios de certezas, que "não existe ex-gay"; pois os religiosos também dizem coisas semelhantes. Tenho amigos espíritas que quando lhes conto que fulano tornou-se evangélico, eles respondem arrogantes: "ele nunca foi espírita, senão, não mudava". E a mesma reação você encontrará entre evangélicos, católicos, budistas, umbandistas ou ateus.
Daí se conclui que ninguém foi, nem é, nem nunca será coisa alguma. Nós todos, agora e permanentemente, estaremos.
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