Mas, sobraram sequelas... E ameaças.
As ameaças ficam por conta da persistência do candidato em continuar se autodesconstruindo até no discurso final. Em todos os países, o candidato derrotado procura, no discurso de admissão da derrota, mostrar-se magnânimo, pensar mais no país que em si mesmo, e usa um tom conciliatório para não prejudicar as condições de governabilidade, pelo menos no início do mandato do adversário; condições que ele desejaria para si mesmo se a situação fosse inversa.
Não foi o que aconteceu. O candidato derrotado, mostrando-se relutante até mesmo em pronunciar o nome da oponente, serviu-se de palavras duras, belicosas, armadas: "...prá quem pensa que a luta acaba aqui, ela está apenas começando..." "...vocês (os adeptos dele) cavaram uma trincheira... ergueram uma fortaleza..."
E as sequelas ficam por conta não só do candidato e seus adeptos, mas, principalmente, de parte da imprensa, que se empenharam irresponsavelmente em destruir a laicidade do Estado, um dos pilares da convivência republicana. Para isso contaram com a ajuda de entidades nada republicanas, como o excêntrico "partido monarquista", o papa, e os falsos profetas evangélicos que sonham, talvez, com a implantação de um estado teocrático. Ainda bem que vários bispos católicos, e muitos pastores evangélicos, salvaram a situação, resgatando a dignidade da religião.
Pior sequela ficará pela tentativa encetada de reescrever a história e inverter seus valores, o que provocou o ressurgimento da mais abjeta direita, e levou até um membro da suprema corte do país a declarar na imprensa que são válidas, para conhecimento de candidatos, por decorrência de qualquer pessoa, "informações" obtidas sob cruéis torturas. Foram tantos e tão virulentos os saudosos do período militar que ousaram sair de seu armário político, que vale aqui a pergunta: "onde escondeste, todo esse tempo, o teu fascismo?"
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