sábado, 29 de agosto de 2009

FOGO CONTRA FOGO

Prá que tanto esforço em combater as milícias?
Afinal, cada vez mais na história deste País,
os bandidos nos livram dos bandidos.
Vejam, por exemplo: quem está nos salvando da Globo é a Record!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009




Imagens que minha filha Dani captou na Serra do Mar.


Vocês já viram palmeira juçara "galhar"? Pois aí está: em minha chácara, no Rio Cachoeira, Antonina, nasceu essa palmeira, que se abriu em dois ramos, e um deles abriu-se de novo. Numa só palmeira, tenho três palmitos!

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A LENDA DA CRIANÇA

As lendas, mais do que verdadeiras mentiras, são mentiras verdadeiras. Mesmo que fosse um jogo de palavras já teria seu valor. É que as lendas, sendo mentirosas em suas vestimentas, construídas de fantasias, dizem, ao final, coisas das profundezas mesmo de nosso ser, que de outra forma não entenderíamos. Li, certa vez (pois eu já estou na idade do ter lido não sei quando em não sei onde), que havia um povo que tinha uma lenda da criança. Segundo essa lenda, Deus teria feito o mundo de uma vez, com todas as criaturas prontas, portanto, nós todos, adultos. Mas, o mundo era muito triste, as pessoas vagavam sem ânimo, todos se esbarravam sem muito interesse em conhecer-se. Até que Deus teve um idéia genial e criou a criança! (Ou seja, claro, introduziu o mecanismo corrente da reprodução). O fato é que as coisas mudaram. Uns serezinhos que, ao lado de quererem que se lhes alimente e limpe, não têm outra preocupação senão em descobrir o mundo. Querem novidades, querem ver e entender tudo o que os cerca, sem exigências de como as coisas são ou deveriam ser. Querem absorver o mundo como ele é. Quem tem pequenos filhos, netos, sobrinhos, ou mesmo se detenha em conviver por algum tempo com um desses seres, verá como eles desnudam nossos preconceitos, destroem nossa rotina e clareiam nossa mente. Estamos sempre preocupados em como deveria ser o mundo, e, portanto, magoados porque não é mais do jeito que era, nem se parece com o que queríamos que fosse. E a criança chega e nos pede apenas que lhe mostremos o mundo como ele é, que a deixemos sentir as coisas, cheirá-las, ouvi-las, pois mais para a frente, num depois, elas saberão como mudá-las. Assim, a lenda nos diz que Deus, quando criou a criança, inventou o futuro e a esperança, e que seremos felizes se, nesses assuntos, soubermos ser crianças pela vida afora.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

DESMORALIZAÇÂO DO RECURSO DA PRISÃO

Ou desmoralização da autoridade confererida pela sociedade ao juiz.
Eu não consigo acreditar que ouço certas notícias. Uma paciente é internada em hospital particular, e este sugere à família transferência para a rede pública. Não há vagas. A família recorre à justiça, que determina a transferência da paciente em duas horas(sic!). A médica encarregada da administração dos leitos informa que não há leitos disponíveis. O juiz manda prender a médica!
Ela e detida, fica três horas e meia na delegacia prestando depoimento, é exposta na imprensa, e, possivelmente, será indiciada, tendo que destinar parte de seus rendimentos, sacrificando quem sabe a educação de seus filhos, para honorários de advogados que a defenderão dessa lambança do juiz.
Agora, eu pergunto: será que se a comunidade elegesse para juiz o padeiro da minha rua, o verdureiro da quitanda, ou o serralheiro da esquina (tal como acontecia no "velho oeste"), algum desses cidadãos tomaria uma decisão tão pouco inteligente e tão pouco sensível como esta?
Por isso eu repito: diretas já, para juiz e promotor!
(P.S. A notícia saiu no Jornal Nacional)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

OS RISCOS DA IMPORTAÇÃO

Claro que é muito saudável a permanente troca de mercadorias e idéias entre os povos. Assim como a expectativa de que, agindo com total liberdade na busca de atender seus interesses particulares, cada um acaba contribuindo para o bem estar coletivo. Mas, envolve risco.
Veja-se, por exemplo, o acontecido quando alguém, na legítima aspiração de enriquecer mas infenso a criar um caminho próprio seja por questões culturais ou pessoais, resolveu importar pneus usados. Quase viramos escoadouro mundial desse descarte incômodo.
Mais recentemente, outro brasileiro resolveu importar lixo para reciclagem. Quase viramos o aterro sanitário da Inglaterra.
Contudo, sem dúvida, o que envolve maior riscos é a importação de bandeiras. Na intenção (também legítima, claro) de crescer politicamente, candidatar-se e angariar votos, mas não possuindo criatividade própria para suscitar uma causa tupiniquim, correm ao mercado internacional de idéias políticas em busca de uma bandeira. E o valor nunca é dado ao que a bandeira agasalha em termos de conteúdo, e, sim, ao seu charme mobilizador.
Importa-se, dos Estados Unidos -- um país diferente do nosso na política, na economia, na educação e na questão racial --, a tal "discriminação positiva" e as cotas, e ganharemos como subproduto um apartheid, seja com qual sinal matemático for.
Na década de 70 chegam ao poder na Itália os partidos de esquerda portando, entre outras, a bandeira da luta antimanicomial. Dramáticos como são os italianos, saíram a derrubar a marretas os muros dos hospícios, libertando alguns, mas lançando outros ao abandono das ruas ou à desorganização de famílias. Na década de 80, toda a sociedade recuou e restaurou a instituição. Evidentemente corrigida nas piores falhas, o que seria o correto desde o começo. E, finalmente, na década de 90 as esquerdas brasileiras, carentes de causas ou de sensibilidade para descobri-las em nossas necessidades, importaram essa bandeira rota e abandonada pelas esquerdas italianas.
O mais trágico nessas causas importadas é a carência de senso crítico que se desenvolveria naturalmente se a idéia fosse gestada localmente ou decorresse de necessidades nacionais. Sem essa massa crítica, elas são assimiladas apaixonada e irracionalmente pelos que se julgam por elas beneficiados, e qualquer um que tente argumentar em sentido contrário torna-se um potencial inimigo. Assim, quem argumenta contra as cotas é acusado de racista. Quem, por labutar na área, sabe que existem muitas pessoas necessitadas de períodos de internação -- seja para defendê-la dos outros, os outros dela, ou ela de si mesma; ou, ainda, por causa da mania de nossos políticos de começarem as reformas pelo telhado, criando leis que obrigam coisas para as quais ainda não foram criadas as condições materiais --, e argumenta contra o delenda internamento, é acusado de estar defendendo seus próprios interesses. Aliás, em muitos casos, se fossem antes criadas as condições materiais, a lei se tornaria desnecessária, e com ela a bandeira, e com esta os votos.
Talvez mais trágico ainda do que isso tudo, seja a presteza com que os poderes do Estado adotam tais bandeiras importadas, de olho na diminuição das despesas públicas, o que permite sobrar numerário que garanta a manutenção do maior, mais caro e mais inoperante contingente de servidores públicos que a história humana jamais viu. Assim, ao invés de investir pesado na educação de base, cria-se uma lei de cotas como paliativo. Ao invés de melhorar a saúde pública e corrigir as gritantes aberrações hospitalares, extingue-se os hospitais psiquiátricos. Em lugar de uma política eficiente na proteção da velhice, joga-se o problema para o contribuinte, obrigando um cidadão a conviver com quem nada fez durante a vida para lhe conquistar o afeto ou o respeito, exigindo-lhe uma responsabilidade que seria meritória se assumida voluntariamente, mas torna-se uma violência à liberdade individual quando imposta.
Enfim, assim como há uma alfândega que protege o erário da sonegação fiscal, deveríamos desenvolver uma barreira crítica que nos protegesse da importação de idéias e soluções.

domingo, 12 de julho de 2009

LEIS CEGAS (OU BURRAS?)

Tem que ser assim?
Bairros são dominados por traficantes que exercem seu trabalho durante anos, aterrorizando moradores, com incômodo mínimo pela polícia.
Casas são invadidas por homens armados e, mesmo com telefonemas de vizinhos, a polícia comparece apenas várias horas depois, com as indefectíveis pranchetinhas de anotar a ocorrência.
Carros e residências são roubadas e não acontece a mínima investigação, mesmo havendo sempre suspeitos citados por moradores, vizinhos ou seguranças.
Por outro lado...
O caso da menina Rita, que caiu do quinto andar, por flagrante fatalidade (a família estava numa festa julina, a pequena dormiu, a mãe levou-a à cama e voltou prá buscar a filha mais velha, no pátio, nesse lapso de tempo, a criança acordou e debruçou-se na janela), o delegado apressou-se em prender em flagrante os pais da criança, indiferente à sua dor, à dor da filha que permanece sem saber o que fazer, e o atropelo dos tios que não sabem nem mesmo como sepultar a vítima.
O caso dos dois jovens estudantes da faculdade de São Carlos que pesquisavam as causas do aquecimento global, retirando lama do fundo de uma lagoa no Mato Grosso, com as devidas autorizações do Ibama, mas, como tinham com eles, num projeto de intercâmbio, três estudantes americanos, para os quais julgavam não ser necessária a licença, pois já a tinham para aquele trabalho, e que foram presos em flagrante (os cinco) por um delegado da polícia federal e indiciados.
Um dos caso é, flagrantemente, uma fatalidade.
O outro caso é, flagrantemente, um engano, ou má interpretação da burocracia.
Num dos casos, a lei e a ordem acabam de destroçar uma família já enlutada.
Noutro caso, a lei e a ordem contribuem para inibir a pesquisa já tão debilitada em nosso país.
Mas, os primeiros casos citados são flagrantes desrespeitos à vida, à propriedade, ao direito de locomoção, das pessoas. No entanto, é tão difícil "dar o flagrante", alega a polícia quando é cobrada.
Por que não o mesmo empenho da lei, da justiça e da polícia em punir os crimes bárbaros, quanto em punir enganos, erros, esquecimentos?...
Que fizemos de nosso país?
Em que escala baseamos nossos valores?

Continuemos, inertes, observando, e vamos resvalando todos, sem exceção, mesmo os representantes dos podres poderes, para o fundo do abismo onde nos espera a submissão ao crime organizado...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O FASCISMO ENDÊMICO

Hoje, podem falar o que quiserem; mas, eu lembro muito bem. A grande maioria do povo brasileiro apoiava a ditadura militar. Mudaram, quando mudou a Globo. Diversas vezes tive que baixar a cabeça e me calar ante amigos ameaçadores nas discussões políticas (uma vez que, naquele tempo, pobre ingenuidade, eu era de esquerda); amigos que apoiavam abertamente o regime e ostentavam, orgulhosos, suas filiações à arena, o partido do governo; para logo depois, com os novos ventos internacionais e midiáticos, amanhecerem anti-ditadura desde pequenininhos. E por que o povo brasileiro apoiava a ditadura? Porque o fascismo é uma endemia cultural do nosso povo. A ditadura, simplesmente, dava-lhe justificativa legal (ainda que não legítima).
Provar o que digo? Veja o caso da obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício do jornalismo. Não era exigido nem no Brasil, nem em canto nenhum do mundo civilizado. Pois bem, visando controlar melhor a imprensa, a ditadura militar o implantou em 1969. Casou tanto com a alma do brasileiro, pegou tanto, que a ditadura acabou e essa exigência espúria continuou. Agora, que num lance de lucidez o STF a aboliu, o corporativismo salazarista grita.
Mas, o mais tragicômico é o argumento que usam: vai prejudicar a educação no Brasil!
Ora, como se nossa educação estivesse indo muito bem, obrigado, e tal decisão fosse miná-la. Como se ela fosse pior antes de tal exigência. Como, por fim, se nos países onde nunca houve tal exigência a educação fosse pior que a nossa!
Se a moda do retorno à democracia e à liberdade pegar e atingir outras profissões, nossa educação irá melhorar, e muito. Teremos um salto qualitativo. Isto porque as faculdades deixarão de ser cartórios que conferem direitos de acesso a fatias de mercado reservado, e terão que concorrer com as formas ancestrais, eternas e naturais de formação para o oferecimento de um serviço qualquer necessário à sociedade.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

LIBERDADE DE IMPRENSA

A lei brasileira de imprensa, que exigia a obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de jornalismo, era um entulho autoritário do tempo da ditadura militar. Não só essa lei, mas toda a prática generalizada de regulamentação de profissões, é um artifício fascista para melhor controlar a sociedade. Não entendo como muitas pessoas esclarecidas não vêem isto. Ou vêem, mas lhes interessa a inibição da concorrência.
Agora, o Supremo Tribunal Federal implantou a verdadeira liberdade de imprensa no país. Isto não seria função do legislativo? Do Congresso Nacional? Sim. Então, por que não foi implantada pelo Congresso? Por que tal entulho autoritário não foi removido no momento devido e adequado que era a elaboração da nova Constituição, em 1986/1988? Resposta: porque o sindicato dos jornalistas lotou as galerias com a ameaça de "gelar", impedir a frequencia à midia, dos congressistas que votassem contra essa esdrúxula obrigatoriedade. Podem consultar os jornais da época e encontrarão esta verdade histórica registrada. Por isso que eu digo e repito que essa constituição é ilegítima!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

VIVA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL!

A Suprema Corte do País, numa decisão lúcida, aboliu essa excrescência jurídica corporativista salazarista que era a exigência de diploma universitário para que alguém expressasse seus pensamentos, coletasse e transmitisse notícias e idéias, publicasse um jornal, enfim, tudo o que é necessário para o exercício do jornalismo.
Que a liberdade estenda suas asas também para a profissão de artista, modelo, corretores,e tantas outras cujo acesso é dificultado e cuja criatividade fica tolhida pela obrigatoriedade de todos seguirem os mesmos caminhos.
Tenho certeza de que as faculdades de jornalismos vão passar por sensíveis progressos dada a necessidade que agora terão de que seus formandos concorram com os jornalistas formados na prática, na realidade. Até então, elas eram simples cartórios que conferiam a alguém o título e o direito do exercício profissional; desnecessitadas, portanto, de qualquer capacidade.

terça-feira, 16 de junho de 2009

O MEDO DA CONCORRÊNCIA

Deu no jornal.
Aquela menina chamada Priscila, que participou do último BBB, não pode ser atriz. Uma odiosa reserva de mercado da guilda correspondente a impediu:
"O elenco de "Malhação" se uniu na Globo para impedir que Priscila entrasse na novela. O motivo é o fato de ela ser ex-BBB e não atriz."
Esse corporativismo medieval é o que impede o progresso e estimula a dependência cultural nos países ibero-americanos.
Além dessa atitude anti-humanista impedir o desenvolvimento das potencialidades individuais e a livre expressão das pessoas, ainda prejudica a ordem econômica, pois os serviços são da sociedade não dos grupos.
Quem garante que oferecem melhores serviços aqueles que são formados pelos que já se formaram por outros já formatados?
O progresso só se faz quando apostamos nas novidades e na diversidade; quando aceitamos as novas contribuições que surgem por novos caminhos, reciclando as vias tradicionais que oprimem impondo sua mesmice.

domingo, 14 de junho de 2009

O CASO SUSAN BOYLE

Não é fácil para uma pessoa,além de ter alguns transtornos de personalidade decorrentes de acidente no parto, ter que administrar uma fama repentina, tardia, depois de 48 anos de uma existência em que recebia atenção limitada.
Susan Boyle, que já viveu uma vida exemplar dedicada à sua família, poderá ainda dar uma imensa contribuição à humanidade com sua voz bela e afinada.
Mas, vai precisar de ajuda. O mercado não poderá absorvê-la com a mesma voracidade com que costuma atacar jovens que não fogem ao padrão. Espero que os responsáveis por ela se contentem com uma velocidade menor: um show, seguido sempre de um tratamento de stress. Assim ela aguenta.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

DANÇANDO À SOMBRA DO VULCÃO II

A economia vai bem. A qualidade de vida vai mal.
A crise financeira internacional demora prá vencer nossas amuradas e penetrar em nosso território devido ao vigor de nosso mercado interno, que tem compensado as quedas nas exportações.
E sabem por que vai bem nosso mercado interno? Porque o cidadão honesto, trabalhador, que paga escorchantes impostos para sustentar poderes inúteis, adquire com sacrifício um determinado bem, digamos um televisor; o excluído (se assim o é por razões sociais ou próprias, não sei; só sei que são, excluídos e incluídos, feitos da mesma cepa, e no entanto...) invade o reduto sagrado do seu lar e surrupia o televisor; ele, pacientemente, compra outro; vem outro excluído e grau! leva o outro televisor; ele, pacientemente, compra um teceiro. Pronto; o governo pode festejar as estatísticas que lhe garantem que no mercado se vendeu três televisores no período!
Isto não é qualidade de vida, nem para o incluído nem para o excluído.

domingo, 7 de junho de 2009

DANÇANDO À SOMBRA DO VULCÃO

Não vai demorar muito e veremos as estatísticas oficiais demonstrarem que a criminalidade está em baixa. E essas estatísticas não estarão mentindo, uma vez que elas se baseiam nas queixas apresentadas, nas ocorrências registradas, enfim, nos famigerados BO's. Acontece que a criminalidade está crescendo de tal maneira, as ocorrências de furtos e roubos tornaram-se tão banais, que poucas pessoas animam-se a registrar a ocorrência, a darem queixa. E depois, darem queixa prá quê? Quando há seguros envolvidos, ainda a queixa é dada apenas para cumprir um quesito burocrático. Se não há seguro, o cidadão honesto, contribuinte, curte uma depreçãozinha, e assimila a perda do bem, adquirido com suados esforços e a despeito da enorme sangria que o Estado fez nos frutos do seu trabalho para sustentar os inúteis e podres poderes da nação. Queixa prá quê, se a polícia aparece no local do roubo mais de hora depois, armada com indefectível pranchetinha para registro da ocorrência, e lamentando que nada podem fazer.
Gente, as escolas, as ruas, a ordem, a traquilidade, os valores que construíram nossa sociedade, estão derretendo, e logo, logo, os dançarinos da Ilha Fiscal, que vivem outra realidade devido aos astronômicos salários que recebem, ficarão com a única alternativa de serem pagos pelo crime organizado!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A DISCRIMINAÇÃO DO CICLISTA

Existem coisas proibidas por lei; existem coisas proibidas na prática.
A bicicleta é algo terminantemente proibido pela população e pelas autoridades.
(Separo "população" e "autoridades" porque nossa democracia é uma falácia).
E ninguém se dá conta de que a bicicleta, talvez o objeto mais útil e salvador de todo o ecossistema, é proibida (e, como tal, reprimida).
Os motoristas (de ônibus, caminhões e carros) a vêem como uma intrusa nas pistas; o que os leva a negligenciarem medidas e práticas de proteção. Se um ciclista é atropelado, todos anestesiam suas consciências pensando num "também, por que estava na pista dos veículos motorizados".
Os pedestres a vêem como uma invasora nas calçadas, a lhes ameaçar o andar livre e distraído.
E o poder público (muito mais "poder" que "público") não se preocupa em construir espaços específicos para elas. Quando o fazem, colocam lama asfáltica numa calçada e a apelidam de "ciclovia"; irritando mais ainda o pedestre que vê seu espaço invadido com ares de oficialidade.
E assim, prosseguimos todos, supervalorizando os monstrinhos fumacentos que ameaçam o ambiente inviabilizando a vida...

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O CASO DO DEPUTADO

Faz pensar, esse caso.
Pelo que dizem os jornais, um deputado estadual de 26 anos, com a carteira de motorista suspensa por acumular 130 pontos, 30 infrações, sendo 23 por excesso de velocidade, sai completamente bêbado de um restaurante, dirige a 190 quilômetros por hora, bate noutro carro e mata dois jovens estudantes.
Por que o povo o elegeu?
Tão jovem, terá tido expressiva participação, seja na política estudantil, seja em algum movimento de massas, para merecer os votos que recebeu? Não há notícia disto. E, pela maneira destrambelhada que levava a vida vê-se que não foi por dotes pessoais que o elegeram. Sem dúvida nenhuma, os que o sufragaram obedeceram ao mando de seu pai, um poderoso cacique político regional.
Ele foi eleito, em pleno século XXI, pelo voto de cabresto!
É isto que faz pensar.
Várias vezes, inclusive neste espaço, critiquei o processo que gerou nossa constituição: um congresso constituinte, ao invés de uma assembléia específica para o mister. Disse que isto cerceou (melhor seria dizer "cercou") o debate popular. E defendo a convocação de uma assembléia constituinte exclusiva, com temporária inelegibilidade dos membros após a aprovação da constituição em referendo popular. Defendo uma democracia verdadeira, onde seriam eleitos diretamente todas as autoridades que nos governam, em todos os escalões, de todos os poderes.
Mas, um caso desses me faz pensar.
Saberia, nossa população, votar e eleger corretamente seus melhores representantes e governantes?
Quantos são os casos de filhos e netos de caciques políticos eleitos apenas pelo comando dos pais ou avós? Quantos são os eleitos pelo poder econômico de distribuir empregos, tijolos, cestas básicas e outros agrados?
Se não temos maturidade, como povo, para uma democracia direta, é justo então que permaneçamos com esta democracia tutelada, com uma constituição feita por grupos e elites, permeada de cláusulas pétreas que protegem interesses de corporações -- econômicas, jurídicas ou burocráticas -- e guildas eufemísticamente oficializadas como "conselhos de classe" ou "autarquias"? Sim, porque os bêbados, fanfarrões e corruptos que elegemos tornam-se, por sua própria natureza, reféns dessas instituições que aprovam os projetos que desejam.
Qual seria a alternativa para um povo tão imaturo e incapaz de gerir a si mesmo? Uma ditadura? Talvez sim, mas aí teríamos que ter a sorte de que nos subisse a cavaleiro um bom tirano, por que senão, seria pior. Se é que dá prá ficar pior do que está: uma nação onde o cidadão é obrigado a sustentar no poder uma elite (a vontade inicial era dizer "uma corja") que não lhe garante nenhum direito; nem à propriedade, nem ao livre trânsito, nem mesmo à vida e integridade física dele e sua família.

sábado, 9 de maio de 2009

SE OS JORNAIS DISSESSEM A VERDADE

Haveria uma manchete assim:
PM'S SOCORREM ASSALTADO, UMA HORA DEPOIS, EMPUNHANDO BRAVAMENTE UMA PRANCHETA!

Ou outra assim:
REQUIAO REARMA PM: AUTORIZA LICITAÇÃO DE PRANCHETAS!

Mas, um bom jornal não faz manchetes tão longas. Se bem que, é apenas isto que anda fazendo nossa PM: chega nos locais assaltados sempre muito tempo depois; e sempre empunhando a pranchetinha prá registrar a ocorrência...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A JUSTIÇA DESTRUÍDA

Já tinha notado. Mas, agora, fiquei sabendo quem a destrói. A boa filosofia mineira diz que quando você aponta o dedo indicador acusando alguém, você está apontando outros três dedos para você mesmo. Confira a posição da mão no ato. O ministro Joaquim apontou o dedo para o ministro Gilmar, acusando-o de destruir a justiça brasileira. Até concordo. Mas, concordo mais ainda com os três dedos que ele apontou para si mesmo, confessando que destrói três vezes mais que o outro!
Por isso repito: eleições diretas já... para juízes e promotores! Assim, cada cidadezinha escolheria os seus, como no faroeste americano. (Já que, atualmente, o faroeste é aqui; e, sem mocinho, só com bandidos).
Tenho certeza que o padeiro e o verdureiro de minha rua se sairiam melhor que eles.
Enquanto isto, nossas autoridades dançam à beira do vulcão os últimos "bailes da ilha fiscal".

quarta-feira, 22 de abril de 2009

A ORIGEM

Outro dia eu vi na tv o físico falando sobre a origem do universo. Toda a matéria, todas as galáxias, tudo o que conhecemos, estava condensado num núcleo, como se fosse um átomo, do tamanho da cabeça de um alfinete, e era quente. Como se sabe que tudo que é quente tende a se esfriar, ou tudo o que é tensionado, oprimido, tende a explodir, o átomo original explodiu, expandiu-se e deu origem ao universo. Mas, penso eu, essas tendências poderiam ser diferentes. Podiam ser de tal forma que uma compressão não produzisse nada, ou que a ausência do frio esquentasse -- e, não a recíproca --, ou outras tendências igualmente diferentes.
As tendências conhecidas e reconhecidas, as leis que fazem com que o que esquenta tem que esfriar, ou o que se comprime tem que explodir, e etc., não estão no universo? Como, se, segundo o físico, são anteriores a ele? Teríamos, talvez que falar num pré-universo, ou num meta-universo, ou seja, em um "local" ou "tempo" onde estão essas tendências e essas leis que produziram o big-bang? E por que não chamarmos esse meta-universo de Deus?

A CIDADE

Sonho com a cidade da minha infância,
com muros baixos e portões abertos,
fechados apenas no mês de cachorro louco.
Agora, os cachorros estão sempre loucos
e saltam aterradores nos quintais,
obrigando todos a terem grades e
muros altos...

O SILÊNCIO E A VERDADE

Jesus calou-se ante Pilatos,
porque a verdade é a origem,
e a origem é o silêncio,
até que deus disse algo,
e algo se fez...

domingo, 12 de abril de 2009

AS BOAS AÇÕES E AS NECESSIDADES

Todo mundo conhece a piadinha do escoteiro que chegou atrasado no acampamento porque estava realizando sua boa ação do dia -- ajudar uma velhinha a atravessar a rua --. E a pergunta do Chefe sobre o tempo que isto demorou; e a resposta de que a velhinha não queria atravessar a rua.
Lembraram... e riram nostalgicamente...
Mas, o que muita gente não sabe é que num outro dia, quando a velhinha realmente queria e precisava atravessar a rua, o escoteiro não se dispôs a ajudá-la, e relacionou várias desculpas -- não podia; já tinha feito o possível; estava de consciência tranquila, quites com sua boa ação, etc --.
Quanto se pode aprender com uma simples piada...
Principalmente se a cotejarmos com a parábola do bom samaritano, que aquele sábio da Galiléia contou, e observarmos a diferença entre os que se propõem salvar o mundo e a humanidade e os que simplesmente se debruçam sobre as necessidades do próximo.
Porque muitos de nós somos assim: prontos para fazermos o "bem" no momento que quisermos e da forma que nos apraz. Indiferentes às reais necessidades do próximo. Esse procedimento às vezes transforma o nosso "bem" em "mal"; pois ele se materializa numa "boa ação" inconveniente, algo que o "beneficiado" não precisa, não deseja, e nem sempre está pronto para recebê-lo. E o pior, a sensação egoísta do "dever cumprido" nos cega e nos leva a racionalizações que justifiquem nossa omissão nos momentos de necessidades reais e imediatas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O CÃO PORTUGUÊS DE OBAMA

Li, no Caderno do Saramago, que o cão selecionado para as filhas do Obama, na Casa Branca, é um cão d'água português. Essa informação me levou a um texto lido na infância, não me lembro o autor -- e quem me lê, na certa estará reconhecendo o texto e se lembrando, "ah, é de fulano"; ou, pior prá mim: "ah, foi na Seleções" --. Mas, a história é a seguinte. O sujeito mudou-se com o cão para uma pequena cidade -- do interior, já que o interior, não o litoral, alberga a maioria das pequenas cidades --. Passava os dias lidando com seus textos, enquanto o cão passeava livremente pelas ruas e casas ainda sem cercas. Um dia o sujeito também saiu a passear e, passando em frente ao açougue, lembrou-se que precisava comprar carne. Feito o pedido, a pesagem e o embrulho, levou a mão ao bolso e descobriu-se sem a carteira. O açougueiro já olhava desconfiado o forasteiro, quando adentrou o estabelecimento o cão, voltando de um de seus passeios e começou a fazer a festa que os cães sempre fazem aos seus donos. O açougueiro imediatamente baixou a guarda, sorriu amistoso, e perguntou o que já descobrira por si: "É seu cão?" "Sim", respondeu o forasteiro. "É um bom cão, gosto muito dele; a carne o senhor leva e paga amanhã, quando vier mais prevenido". O cão foi seu avalista. Já me aconteceu coisa semelhante. Andando pelo bairro, encontrei meu cãozinho confraternizando com um vizinho. Era um tempo em que eu trabalhava o dia todo, à noite estudava ou participava de algum movimento de amor ao próximo, por isso não tinha tempo de conhecer meus próximos mais próximos: os vizinhos. O Bob acorreu feliz ao meu chamado, e o vizinho -- como todo mundo hoje em dia prevenido e desconfiado com estranhos -- abriu-se num sorriso amigável: "É seu, o cãozinho? Muito simpático; gostamos muito dele". E entregou-se descontraído à nova amizade, transferindo ao dono as qualidades que já identificara no animal.
Daí, lamentei não ter sido um cachorro brasileiro o escolhido pela imperial família. Não poderíamos ter melhor representação. Mas, qual é mesmo o cão brasileiro? É o fila, não? É, não é um ser muito diplomático...

domingo, 8 de março de 2009

EMPREGO PARA OS MEUS

Deu no jornal:

"O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, rebateu hoje as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua decisão de excomungar os envolvidos --a mãe e os médicos que realizaram o procedimento-- no aborto da menina de nove anos.
O arcebispo disse que Lula deveria procurar assessoria teológica para falar com mais propriedade sobre o tema."

Viram só; que cara inteligente? Além de assustar o povo com excomunhões, pretende arranjar uns empreguinhos para o seus. Quer que o presidente acrescente à sua equipe alguns ASSESSORES TEOLÓGICOS. Como o Lula tem sido imitado aqui e alhures, a moda pode pegar, e cada governador, cada prefeito, também poderá ter o seu.
Qual seria o ordenado de um ASSESSOR TEOLÓGICO? Certamente, o Assessor Teológico Federal (do Lula), ganharia mais que o Assessor Teológico Estadual (do Requião). E o Richa, teria um Assessor Teologico Municipal?

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ONDE JOGAR O DINHEIRO

Os Estados sempre injetaram dinheiro em suas economias. É por isso que os grupos se mobilizam gastando horrores para elegerem seus preferidos: de olho nas construções, nos financiamentos, nos subsídios. Durante milhares de anos, jogaram esse dinheiro "por cima"; ou seja, entregavam nas mãos dos ricos empreendeddores, certos que estavam injetando dinheiro na sociedade. Só que tais empreendedores, primeiro separavam um pouco prá continha no paraiso fiscal; depois, compravam mais uma grande propriedade num paraiso de fato; depois, propriedades em solo pátrio, com direito a troca da frota de veículos de toda a família. Assim, bem menos do que saiu dos cofres públicos chegava na obra; e, muito menos ainda nas mãos dos trabalhadores. Neste século, o Lula inovou: passou a jogar o dinheiro "por baixo": criou inúmeras bolsas a fim de injetar dinheiro diretamente na mão do povinho. A grita era geral: "sustentando vagabundos; dando dinheiro de graça a quem não trabalha". Mas, entre os vagabundos de cima e os de baixo, ele preferiu os de baixo. Um vagabundo que recebe R$50 ou R$100 do governo, não vai colocar numa conta na Suiça; nem comprar um apartamento em Miami. Vai é correr até a venda da esquina comprar papel higiênico prá aposentar o sabugo; o dono da venda junta o dinheiro de todo mundo e manda reformar o prédio; o fabricante de material de construção junta o de todos os vendeiros e... a roda gira... Daí, quando todo mundo do mundo pára de comprar e a crise econômica chega, nós temos um mercado interno razoavelmente forte prá compensar, e podemos nos dar ao luxo de sofrer em menor escala a crise.
Agora, o nordestino que chegou a São Paulo num pau-de-arara fez escola. Obama, num lance de coragem, assusta economistas e desdenha o deficit americano fazendo o quê? Jogando dinheiro por baixo. Parabéns, Obama, por aprender com os humildes!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A GENI DO GLOBO

Eu disse que o brasileiro tanto apanha e é maltratado lá fora que podemos chamá-lo de "Geni" do mundo atual. Vejam a letra abaixo da música do Chico Buarque, "Geni e o Zepelim"; substituam "Geni" por "Brasil", "Zepelim" por "Crise Econômica", "cidade" por "mundo", e vejam se não tenho razão:

De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geléia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo - Mudei de idéia
- Quando vi nesta cidade
- Tanto horror e iniqüidade
- Resolvi tudo explodir
- Mas posso evitar o drama
- Se aquela formosa dama
- Esta noite me servir

Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
- e isso era segredo dela
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

ALÉM DO VEXAME

Que vá que a menina tenha mentido. Seja por influência do "lupus", seja por pressões desconhecidas. A mentira foi grave, na medida em que teve consequencias maiores do que ela esperava. Mas, continuo achando de fundo fascista e xenófoba a atuação da polícia, pressionando-a já no primeiro momento do atendimento, e chamando-a de "golpista" apenas dois dias depois. Nunca fariam isto com um cidadão europeu ou americano. E, não retiro nada do que eu disse sobre o tratamento dispensado a brasileiros no aeroporto de Madrid.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

EUROPA DE VOLTA À BARBÁRIE

Essa notícia da advogada brasileira (bem sucedida, diga-se de passagem) retalhada por nazistas na Suíça (e o descaso da polícia no caso), mais o que se tem dito do tratamento fascista dado aos brasileiros nos aeroportos europeus, me levaram a concluir que não é o caso de sermos, os brasileiros, a "geni" do mundo; o caso é que a velha Europa está voltando à barbárie, mesmo. Fatos como esses só se justificam numa Europa que retoma sua vocação nazi-fascista, de triste memória; e, o pior: desta vez incluindo a Inglaterra e a França (que no episódio Nazismo I se mantiveram do lado da civilização), e o beneplácito dos USA!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ITALIANO NÃO DÁ NÓ SEM PONTA...

O Ignazio La Russa queria cancelar o amistoso da seleção italiana contra a seleção brasileira porque sabia que iria perder. Daí, deu a desculpa de que era por causa do Cesare Battisti...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

FORMAÇÃO X REPRESSÃO

Nosso país contrata dois jovens formados pela universidade: um, na área da educação (geralmente com pós-formação); outro, na área do direito. Ao primeiro, paga R$415,00 por mês para formar bons caráteres. Ao segundo, paga R$22.500,00 por mês para punir maus caráteres. Podemos sonhar com um bom futuro enquanto estivermos investindo na repressão 50 vezes mais (!) do que na formação?

Hoje mesmo a imprensa noticia que o Congresso, pressionado pelo lobby correspondente, vai votar um projeto equiparando o salário dos delegados ao dos promotores, aumentando consideravelmente a despesa nacional. Deveria ser ao contrário: equiparar o salário dos promotores ao dos delegados. Mais: deveriam equiparar o salário dessas duas categorias ao dos professores!

Só há um projeto, ou decreto, ou seja que diabo for, que poderá salvar o nosso país, retirando-o dos indecentes níveis de criminalidade e candidatando-o à civilização; e, esse decreto seria:

Todos os servidores públicos do país, de qualquer categoria, em qualquer nível, em qualquer dos poderes, seja ou não alcunhado de "autoridade", terão como teto salarial o salário do professor primário!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

SERES FANTÁSTICOS

É, tenho muito o que observar: esposa, filhas, nora, neta, amigas, conhecidas, anônimas, celebridades... Se Deus acertou na medida, foi quando fez a mulher.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O CONTRATO

A escravidão foi decorrente de um contrato espúrio entre Deus e Mamom.
Disse Mamom: - "Vou à África, comprar gente; mas, preciso só dos corpos, dou-te as almas.
Respondeu Deus: - "Combinado; dá-me as almas e eu te justifico os corpos".

Se não foram Deus e Mamom, foram seus representantes na terra. E, afinal, somos responsáveis pelos nossos representantes; por destituí-los quando nos contrariam. A não ser que não o possamos. Poderá Deus tudo? Bem, dizem que "a voz do povo é a voz de Deus"; nesse caso, um e outro se confundem. Assim, talvez não pudesse Deus naquele tampo, tal como não pode o povo hoje, controlar seus procuradores. Mas, aí já entra em teologia e...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

MUDANÇA DE CARGO

A Polícia Federal afastou o Delegado Protógenes do Departamento de Inteligência.
Na certa, foi colocado no Departamento de Burrice!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

ENFIM, DESCOBRE-SE A FONTE DA JUVENTUDE!

Lembram daquela piadinha de que entrevistavam a mulher de 120 anos e perguntaram como ela fez prá chegar nessa idade? -"Acho que foi porque parei de fumar", ela disse. -"Quando?", perguntou o reporter. -"Acho que foi quando fiz 110!" Pois é, era verdade. Deu no site da Folha de hoje: um povoado no Equador com a maior proporção de centenários. Vale a pena dividir a informação:

Don José Medina parou de beber aos 106. De vez em quando, ainda toma "um puro" (aguardente), mas não mais de um por dia (!). Fuma, mas muito menos do que quando "era jovem" --ali pelos 70 anos. Aos 112, não conseguiu largar o chamico, cigarro feito com uma erva alucinógena.
Medina vive em Vilcabamba, um povoado com cerca de 4.000 habitantes no interior do Equador (650 km ao sul da capital, Quito). As condições sanitárias do local são um desastre --na maioria das casas, não há esgoto nem água encanada. Seus habitantes fumam, bebem álcool, comem muito sal, tomam muito café, usam drogas. E são um dos povos com maior proporção de pessoas centenárias no mundo --cerca de dez vezes mais do que a média. Centenários e saudáveis.
Por ali, é comum encontrar idosos de 110, 120 anos. Lêem sem óculos, conservam os dentes originais. A maioria ainda trabalha e tem vida sexual ativa. Os cabelos ficam brancos quando chega a idade, mas depois voltam à cor natural, sem explicação. E, ao contrário da maioria dos lugares do mundo, os homens vivem mais do que as mulheres.
"Alguma coisa estranha acontece em Vilcabamba", diz o médico e escritor argentino Ricardo Coler, um entre tantos profissionais que foram à cidade em busca de uma explicação. Sobre o mistério, ele escreveu "Eterna Juventud - Vivir 120 Años" (editora Planeta, sem previsão de lançamento no Brasil), em que relata histórias como a de José Medina.
São várias as teorias que tentam explicar a longevidade saudável dos habitantes de Vilcabamba. Cientistas americanos afirmaram que era a composição da água que bebem. Franceses atribuíram o fato ao clima da região. Outros dizem que é o ar, a alimentação saudável à base de milho, batata, vegetais e pouca carne ou a vida tranqüila. Nenhuma explicação foi comprovada até hoje.
"Estudei a água de Vilcabamba, e sua composição se parece bastante com a água que se bebe em Buenos Aires", diz Coler, que também exclui a possibilidade de a longevidade ser genética. "Até os cachorros vivem mais, cerca de 25 anos. Ninguém descobriu a causa, senão já estaria rico."
Há também algumas teorias pseudocientíficas, que vinculam os efeitos benéficos de Vilcabamba à eletricidade no ar ou à possível presença de óvnis e extraterrestres.
Seja qual for a explicação, a fama de Vilcabamba atrai todo tipo de gente...
...chegam os multimilionários, os crentes, os políticos, os messiânicos. Vêm por esses 40 anos como antes se ia por ouro ao velho oeste ou por petróleo ao Oriente Médio
.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

HOSANAS A OBAMA!

Confesso que no começo eu tinha um pé atrás.
Preferia a Hilary, e desconfiava que a imprensa, podendo ser republicana, insensava o Obama para desbancá-la e, assim, derrotar mais facilmente um desconhecido na segunda etapa. Alguns, mais apressadinhos, chegaram a escrever que o Obama era o democrata preferido dos republicanos. Enganei-me; o cara tem valores próprios de montes. Mas, ainda preferia a Hilary; acho que era a vez de uma mulher.
Tanto festejam a vitória do Obama por ser negro. Eu não vejo diferença entre negro e branco. Qualquer item usado para definir um negro pode eventualmente aparecer num branco; e vice-versa. O que faz restar de diferença apenas a cor; só que, culturalmente, eu sou daltônico. Gosto tanto da tarantela quanto do samba; estudo com o mesmo prazer cerimonioso a mais judaica, ou oriental, das religiões, tanto quanto as de matriz africana. Conheço, pela observação isenta da história, quadros de sofrimentos de muitas diversas etnias; ora uma, ora outra. Assim como, identifico privilégios distribuídos para todas, em momentos diferentes. Portanto, nesse sentido as diferenças apresentadas não passam de bandeiras políticas usadas de acordo com as conveniências.
Já, com as diferenças entre homens e mulheres, não acontece o mesmo. São tantas - anatômicas, hormonais, humorais -, que parecemos duas raças distintas. Chegam a dizer que uns vieram de Marte e outras de Vênus, transportados, na certa, na cauda de um cometa cupidamente faceiro. O que, sem duvida, lhes dá pontos de vista diferentes. Daí que, pensava eu, era a hora dessa metade da humanidade ser mais representada nos governos. Em muitos lugares já o são. Citemos a Inglaterra, a Alemanha, a Argentina, e outros lugares. Mas, nas duas nações mais importantes do mundo - a maior potência e a maior impotência -, isto ainda não aconteceu - a não ser por efêmeras regências de uma princesa num passado remoto, nas terras da vera cruz. Era a hora da Hilary.
Apesar de que, dizem, seria reeleição. Pois não contavam, durante o governo Clinton, aquela piada de que os dois deram uma fugidinha e tiveram que parar num posto prá abastecer? O frentista cumprimentou tão efusivamente a Hilary que o Bill, enciumado, perguntou quem era o cara. "Um antigo namorado, do Hight School", ela disse. E ele: "Viu? Se você tivesse casado com ele, seria a esposa de um frentista; assim, você é a primeira-dama dos USA". Ao que ela respondeu: "Não. Se eu tivesse casado com ele, ele seria o presidente. Você seria um frentista!"
ATAQUE DO BEM-TE-VI

Viram na tv aquele bem-te-vi que ataca os transeuntes numa rua de Vitória? Só ataca os homens. Se fosse na Itália, na certa já estariam usando prá teste de virilidade!

domingo, 2 de novembro de 2008

(Quando o saudoso século vinte morria levando ao seu túmulo cem anos de ilusões e os homens pensavam ter chegado ao fim da história inconscientes de que a natureza estava com a palavra, eu escrevi isso aí, que aqui deixo prá que não seja esquecido sem ter sido conhecido...)

POESIA ARMADA
I
Caíram
as últimas
trincheiras.
Agora
a luta
é só
na poesia.
II
Poetar
entre colunas
de ferro, fumacentas
grades de uma prisão
voluntária.
Poesia
que viaja
no cheiro mórbido
das tochas
transformando ramos verdes
em braços magros
filamentos tristes.
Poetar
ao barulho das máquinas
em formulários frios
que medem produção e custo.
É possível fazer poesia?
Só mesmo poesia-luta
poesia-violência, poesia-raça
poesia engajada
poesia brava, poesia feia
poesia-mudança, talvez.
III
A luta
é pela liberdade
Todas as liberdades
Liberdade até
de Deus-peia
Prá se atar
A Deus-liberdade.

sábado, 4 de outubro de 2008

O QUE HOUVE COM O BRASIL?

Brasil.... Brasil... mas como é grande o meu Brasil!... Lembro da minha infância ouvindo a dupla sertaneja Tonico e Tinoco cantando isto. Lembro do nosso Brasil descuidado, por desnecessidade de cuidados; dos portões abertos; as cercas caídas, pois não precisavam ser levantadas. As crianças indo a pé e sozinhas prá escola. A fuga para as periferias, que naquele tempo era apenas um composto de paisagens bucólicas de casas simples e árvores frondosas, em busca da cachoeira. Havia molecagens (como não as houvera de haver, se éramos moleques); mas, eram inocentes; e acompanhadas de um temeroso respeito pelos adultos e seus flagrantes. A maior das molecagens, admito, perigosa, eram as bombas de retardo. Colocávamos um cigarro aceso na ponta de uma bombinha-de-são-joão, de regular tamanho, e corríamos para bem longe, até para nossas casas, outras vezes a sala de aula. Cinco a dez minutos depois ouvíamos o estampido na varanda de alguém, na borda da calçada, perto da diretoria, seguido das imprecações.
O que não imaginávamos, absortos em sonhar com a vida que parecia sorrir à nossa frente, é que as pessoas que lutavam e açambarcavam o poder em nosso Brasil, armavam uma grande bomba de retardo sobre nossas vidas e nossas cabeças. Era o desvio de verbas da educação para outros fins, criando uma massa de ignorantes dependentes de "direitos" e concessões; era o financiamento preferencial de grandes propriedades, expulsando as famílias do campo para a periferia das cidades. Tudo escamoteado por obras faraônicas, campanhas pirotécnicas de vacinação, edição de "estatutos" falaciosos, porque geralmente virtuais.
Lembro da minha juventude, quando já o processo de internacionalização do nosso capital (se é que alguma vez o tivemos) provocava intercâmbio de técnicos e executivos, para a montagem de industrias e equipamentos. Ao lado das boas risadas com os legisladores que propunham a cobrança do lateral com o pé, no futebol, ou a anexação da guiana francesa, criando problemas prá diplomacia, lembro de um fato alentador. Quando nossos técnicos eram enviados à europa (é bom lembrar que, naquele tempo, a europa terminava nos pirineus; os europeus ainda não haviam anexado a espanha e portugal, em busca de balneários; os ibéricos migravam para o Brasil, para enriquecer ou simplesmente alimentar suas famílias, e nem imaginavam que um dia iriam se dar ao luxo de barrar brasileiros em aeroportos), ficavam extasiados com a ordem e a limpeza daqueles redutos; escreviam ou contavam por telefone, entusiasmados, as benesses da civilização. Mas, não viam a hora de voltar para o Brasil. Para casa. Irritavam-se com qualquer prorrogação de sua missão. Já os estrangeiros que vinham para o Brasil, dentro dos mesmos projetos, não queriam mais ir embora. Causavam problemas para suas empresas com a insistência em cá permanecer, se estabelecer, residir, animados, talvez, com nossa liberdade, descontração, inocência, ou falta de ordem.
Nós, os pobres (que não éramos apenas negros, como hoje alguns teimam em dizer, mas, também branquinhos, descendentes de italianos, polacos, árabes ou alemães), nem pensávamos em emigrar, tendo à disposição um verdadeiro continente onde se falava a mesma língua. Não emigrávamos: apenas migrávamos internamente.
Tudo isto me vem à cabeça quando vejo na televisão um documentário francês sobre os garimpos ilegais na guiana francesa, e a abordagem de uma família de brasileiros clandestinos no meio da mata. Eu, que sentia um incômodo frio na espinha quando, antigamente, ouvia o poeta dizer que o Brasil poderia se tornar um imenso portugal, tive que ouvir o oficial da gendarmeria dizer que ia expulsar esses ilegais, porque não queria ver a guiana francesa se transformar num Brasil!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

AH, O BOM CIÚME!

A gente não consegue amar sem derivar para o exagero que gera o ciúme. E o ciúme causa uma série de males: constrangimento do ser amado; restrição no uso da coisa amada; afastamento de potenciais amantes do ser amado, ou usuários da coisa amada, que poderiam, em outras circunstâncias, serem nossos bons amigos. E por aí arrolaríamos uma série de inconvenientes do ciúme. E, no entanto, como tudo tem o seu lado bom, poderíamos ter o mesmo ciúme, ou pelo menos semelhante, de nossas idéias. Afinal, amamos nossas idéias. Mas, ao contrário das outras coisas amadas, ficamos a oferecê-las indecentemente e a querer compartilhá-las a toda força com outras pessoas, forçando uma promiscuidade que as vulgariza. Por que não termos ciúmes das nossas idéias? O mundo seria um lugar bem mais sossegado. O crente fanático, acariciando egoisticamente sua idéia de deus, e dissimulando: "não, Jesus nunca existiu; esse negócio de deus, céu, inferno, é pura lorota". O ateu militante, ao invés de escrever livros ou criar associações, disfarçaria pregando: "crede, meus irmãos; o reino de deus é vosso!" E todos viveriam felizes, amando até ao ciúme suas idéias, crendo na sua exclusividade e fidelidade, e pregando o contrário para afastar abusados que quisessem gozar com elas.
THE TEN COMMANDMENTS

Enfim, o Rio retorna aos tempos bíblicos:
lá, tal como no tempo de Moisés, a lei é ditada no morro!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

VAMOS AO VELÓRIO DO DIREITO INDIVIDUAL?

Sim, porque essa constituição ilegítima que nos outorgaram (desculpe a repetição) proíbe qualquer parente de prefeito, governador ou presidente, se candidatar a qualquer cargo eletivo na área de jurisdição. O filho adotivo do Lula não pode ser candidato a vereador em nenhum lugar do Brasil. Ele está cassado irremediavelmente, e, sem que tenha culpa alguma concorrendo prá isto. Mesmo se ele fosse contrário ao pai, mesmo se odiasse o pai, não poderia se candidatar. Está privado desse direito: não pode ter ideologia, não pode ter ideais, não pode ter idéia própria para implementar através do voto. Ele está condenado a pensar como o pai, e agir à sombra do pai. Tal qual nas mais primitivas sociedades patriarcais.
Por isso continuo dizendo: só as corporações que se beneficiam dessa aberração que é a constituição outorgada em 1988 a defendem. Ou melhor, defendem seus gordos salários fixados por eles próprios. Enchem a boca na hora do "ção", prá uma carta que não passa de "cinha"!
E o povo... ora, o povo? É um rebanho muito bem controlado pela corporação da mídia.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

REALIDADE

Realidade seria tudo aquilo que tem condições de se apresentar a nós, sem a necessidade de ser evocado?

terça-feira, 16 de setembro de 2008

CADÊ AS ALGEMAS?

Esta é realmente uma notícia interessante. A polícia federal tanto investigou que prendeu seu próprio diretor, flagrado em tráfico de influência.
Já pensou se prosseguem por este caminho, levando a fundo todas as investigações?
Quem vai algemar o último?

sábado, 6 de setembro de 2008

MEMÓRIA

Nossa memória é completa: lembramos do bem e do mal.
Mas, é seletiva: lembramos muito mais do bem que fizemos, e do mal que nos fizeram;
do que do bem que nos fizeram, e do mal que fizemos.
Sendo espírito de ente humano, não fujo à regra. Por isso, peço perdão a quem fiz mal, e a Deus que os compense. E, agradeço a quem me fez o bem, e peço a Deus que os recompense.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"VÁ PARA A CORTE"
Era sem dúvida o conselho mais cotado entre os pais durante quatro quintos da história do Brasil. Até que um dia, mudou: "vá para o exército", passaram a dizer. O país mudara de tutor: da família real e, depois, imperial, para as forças armadas, autores e avalistas do novo regime.
Os pais sempre querem um bom futuro para os filhos. Carreira segura e rendosa; que paire sobre o comum dos pobres mortais que lutam para conciliar receita e despesas. Carreira que não sofra as intempéries naturais do mercado; isto é, que seja sustentada por toda a sociedade. Compulsoriamente, claro.
Qual seria o conselho de hoje? Quais seriam as profissões ou carreiras onde os filhos teriam a garantia de um futuro tranqüilo? Seria na importante área da produção de alimentos? Ou na construção civil? Seria na produção industrial? Ou na medicina?
Após um brevíssimo período - no qual muitos pais se enganaram receitando um "vá para a política" -, sem dúvida, de alguns anos para cá, todos sabemos quais são as carreiras mais desejadas. Qualquer pai hoje exultaria se seu filho passasse num concurso para juiz ou promotor. Não é fácil; os concursos são preparados pelas próprias corporações. Mas, uma vez admitidos, podem contar com os maiores salários da sociedade, reajustados por eles mesmos, além de participarem de uma corporação que não se sujeita a nenhum controle pela sociedade (a não ser, claro, a lei; mas a lei, ora, interpreta-se!). Sucessores do poder monárquico e militar na tutela de uma sociedade que ainda não aprendeu a tutelar-se a si mesma, esses profissionais têm apenas uma preocupação - leve por sinal -, com alguns engraçadinhos da área de comunicações (e, às vezes, da área de interceptação de comunicações). Mas, tudo administrável.
Dizem que teria dito um pobre asteca a um nobre asteca, quando este o interpelou por estar se sujeitando muito facilmente ao espanhol conquistador: "O povo sempre esteve de cabeça baixa; assim, nem notou a troca de senhores". Vamos torcer para que a situação atual perdure por muito tempo ainda, pois, pelo andar da carruagem, podemos temer que o conselho predominante em breve seja: "vá para o tráfico"!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

USURPAÇÃO DE PODERES

O que mais me chateia nesse hábito novo em nossa história - do judiciário se meter a legislar, usurpando, assim, poderes do legislativo -, é que os danados legislam melhor que os legisladores. Assim foi na questão da pesquisa com células embrionárias; na questão das algemas; e, agora, o será novamente se proibirem essa excessiva exposição dos suspeitos. Vários países já adotam esse direito básico da pessoa humana: o de ser considerado culpado apenas após o julgamento. Mas, nossa polícia, nosso ministério público e nossa imprensa, submetem o país a risco de processos internacionais por ofensa aos direitos humanos, quando fazem espetáculo pirotécnico com presos ainda não julgados. Não vêem, os integrantes dessas poderosas corporações, que ao exibirem ostensivamente um suspeito, já o estão julgando e condenando. E, a uma pena muito maior do que o pobre cidadão poderia receber do judiciário; pois o ministério público, a polícia e a imprensa condenam-no, sem o julgamento formal, a ter perpetuamente prejudicada a sua imagem. E a imagem é indissociável do indivíduo.
Por isso observo pesaroso que o judicário legisla melhor que o legislativo, logo, estão usando seus poderes e habilidades muito melhor do que todos nós, pobres e desprezíveis cidadãos que elegemos o legislativo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

ELEIÇÕES

Vieram me pedir votos para prefeito e vereador. E adianta? Essa eleição não vai resolver nosso maior problema, que é a opressão de um Estado que não serve mas, sim, se serve da população.
Dirão, por certo, que é pessimismo; e que eu olhe para a quantidade de serviços que o Estado oferece. Mas, são muito caros e de péssima qualidade; preços exorbitantes; e, sem opção, uma vez que impostos por uma constituição que não referendamos.

sábado, 9 de agosto de 2008

CADÊ A POLÍCIA?

Meu filho, um comerciante honesto, foi assaltado pela terceira vez, em seu comércio, pelos mesmos assaltantes. Ele, sua família, o empregado e o cliente ficaram presos no banheiro. Mas, não é só isso. Eram nove horas da noite e, o vigia da loja da frente viu a ação, ligou para a polícia, mas a polícia não socorreu... Os bandidos aterrorizaram quanto quiseram, fugiram num automóvel Tipo preto, levando documentos e a féria do dia; e a polícia não socorreu... Após a fuga, meu filho acionou o tal "botão do pânico", e a empresa de segurança veio; mas a polícia não socorreu... Uma hora depois, quando todos nós já estávamos lá dando-lhes apoio moral, a polícia chegou, anotando e reclamando, que nada podem fazer... Agora, o mais trágico, ou trágico-cômico: diversas viaturas da polícia passaram em frente à loja durante o assalto. Mas, não estavam ali para atender aos apelos do vigia da loja da frente. Estavam se dirigindo a local onde fariam uma blitz para garantir a lei seca! Sacaram? Enquanto duas crianças (sendo uma com menos de cinco anos), uma mulher grávida, e dois homens honestos e trabalhadores corriam perigo de vida nas mãos de facínoras armados, a polícia não pôde socorrer porque os homens que os impostos dos honestos trabalhadores sustentam para sua segurança estavam deslocados para fazerem blitz para prender bêbados no volante. Isto é o que se chama "descobrir um santo prá cobrir outro". E, claro, cobrem o santo que dá mais cartaz e exposição na mídia!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

JUÍZO, JUÍZES!

A semelhança entre juiz de direito e árbitro de futebol é que ambos, quanto mais aparecem no jogo, pior atuam.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

DIONÍSIO E APOLO

Se somos antes de ser; se temos categorias a priori; se somos uma centelha divina; se temos uma consciência prévia dada por Deus, lá no fundo e tal, esta verdade indemonstrável mas irrefutável, me indica que todo o saber é adquirido pela intuição, e a razão só lhe dá forma. Assim foi na fase inicial do conhecimento humano, e assim deve permanecer no desenvolvimento científico. A razão não é capaz de gerar novos conhecimentos, mas, simplesmente conformar o conhecimento intuitivo. É evidente; basta apenas observar que, quanto mais racional é uma pessoal, mais previsível ela é, e quanto mais intuitiva, mais criativa e genial. Isto não só porque a pessoa que se aferra apenas à razão se torna prisioneira da previsibilidade inerente a essa faculdade, mas, também, porque está fugindo à sua verdadeira natureza.
Viver é melhor que conhecer.
SER OU NÃO SER

Se você algum dia tomar para si
a angústia do dilema inglês
"ser ou não ser",
procure simplesmente "estar",
que é um "ser" provisório.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A COMUNICAÇÃO E OS VÍRUS

Quem vive sem comunicação? Para alguns é o mais básico dos instintos, pois, ao acordar pela manhã muita gente prefere alguma mídia, seja televisão, internet ou jornal, antes mesmo do café e o desjejum. Sem contar que a esta altura já deverá ter se comunicado com os seus, pessoalmente, num bom-dia cujo humor depende da noite anterior. Eu também, claro, gosto de me comunicar. Por isso provoco periodicamente o instinto: passo quinze ou vinte dias isolado num refúgio na Mata Atlântica, onde não há telefone fixo e nenhum celular alcança, logo, não há internet. Eu estava lá, no famigerado 11 de Setembro. Todo mundo na frente da televisão, assistindo ao vivo e em cores aos mouros atacando os atuais cruzados, e eu deitado numa rede na margem (esquerda, claro) de um rio que exibe suas límpidas águas em corredeiras e cachoeiras. E foi assim que me encontrou minha filha: não achando justo alguém que tanto gosta de história estar perdendo aquilo, foi até lá me avisar. Depois disso, instalei uma antena parabólica. A umidade da mata se encarregou de calá-la algum tempo depois. Na cidade é diferente: aqui tenho banda-larga, criei perfil no orkut, consegui montar este blog. Mas sempre tem os estraga-prazeres. E, na comunicação atual são os tais hackers, seja criando vírus, seja clonando perfis. O orkut eu abandonei: deletei meu perfil. A discussão era boa; conversava com gente de todo lugar e tal. Mas, de vez em quando, um debatedor inteligente, educado, cordial, virava o demônio: começava a ofender, escrever palavrões, ficava irreconhecível. Não passava um dia e aparecia seu perfil cheio de exclamações e maíúsculas indignadas, pedindo desculpas porque tinha sido clonado; não era ele o autor daquelas leviandades. Foi o alerta. E se clonam meu perfil quando estou na chácara? Até eu voltar, descobrir, sair pedindo desculpas, ninguém vai acreditar. Vão achar que fui eu mesmo o mal-educado. Deletei. Não adiantou: invadiram a caixa de e-mail. Talvez castigo por ter falado do Ronaldo outro dia, enviaram um arquivo com virus, tendo como isca uma história do Ronaldinho. Até eu recebi de mim mesmo. Por conta disto, tenho mesmo que pedir desculpas: a todas as vitimas de minha lista de contatos. De qualquer forma, fica a lição: não abram mensagens com piadas do Ronaldinho

quinta-feira, 26 de junho de 2008

EU TENHO UM SONHO

Um sonho de poder.
Meu sonho de poder
Era obrigar todas as autoridades,
De todos os poderes,
Em todos os níveis,
A colocarem seus filhos
Em escola pública.
Aos que já o fazem: meus parabéns!

Meu sonho de poder
Era obrigar todo juiz de direito
Estadual ou federal
A abastecer seus automóveis
Nos postos aos quais desse liminar
De reabertura,
Quando fechados por fraude.
Aos que já o fazem: meus parabéns!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

COMO SEMPRE

PParodiando uma frase do tempo da colônia, publicada na revista de História, da Biblioteca Nacional:

O Brasil vai mal porque as autoridades não querem nosso bem;
querem nossos bens!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A LÓGICA ATUAL

Certo, tenente; isso não se faz. Você não pode deixar o sangue subir à cabeça só porque uns jovens funqueiros o desacataram numa abordagem, e prendê-los. E você tem que obedecer seu capitão. Se o capitão, atrás da mesa, de cabeça mais fria, viu que não era nada e mandou soltar, solta! Não pode dizer "eu cágo prêste capitão!" Você já deve estar aprendendo agora que deus castiga quem "cága pro seu capitão". Outra coisa que você deve estar aprendendo também é que os traficantes do morro da mineira têm o direito líquido, certo e legítimo de matarem seus desafetos. Pelo menos é o que se depreende, e o que você aprende, das reações. Ninguém, nenhum político, congressista, jurista, oabista, mpesista, jornalista, ou seja lá que ista for, está condenando e pedindo a prisão dos assassinos dos três meninos do morro da providência. A própria polícia disse que não vai lá no morro da mineira procurar os assassinos. É como se eles fossem os lobos de um fosso onde os viquingues jogassem ingleses. Quem pensaria em condenar os lobos? Os assassinos, claro, eram os viquingues! Assim, os traficantes. A sociedade já dá como favas contadas seu direito de matarem os rivais. Homicida é quem solta moço de um morro no outro.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

ORÁCULO FALAZ


Quando estou navegando pela vida distraído,
é fácil acreditar que posso me conhecer;
afinal, eu sou o sujeito, e assim me identifico
em relação ao outro, o objeto; ou outros;
mas, se tento me conhecer, eu me torno objeto;
ainda que de mim mesmo;
e sendo objeto, eu sou o outro;
só que esse outro, que analisa o eu, é que sou eu!
então, toda vez que eu projeto um dado
de mim mesmo para análise,
isto já se torna objeto, já se torna outro,
e eu permaneço incólume, indevassado,
incognoscível; pois qualquer pensar sobre mim
me torna o outro que eu já não sou,
enquanto continuo sendo o eu que sempre flui.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ONDE ANDA O BOM SELVAGEM?

Ferve a imprensa: índios ferem a facão engenheiro civil (civil nos dois sentidos) que expunha resultados técnicos; índios violentam funcionário em invasão de unidade da funai (o funcionário pensou em processar o governo mas recuou com medo da exposição; claro). O que está havendo com o bom selvagem tão decantado, de Rousseau a Villasboas? Além de violento é pervertido? Ficou assim, corrompido pelo branco; ou já havia razão de serem, os tapuias dos planaltos, odiados pelos gentis tupis do litoral? Será que já antes do descobrimento os tapuias não violentavam os tupis? De qualquer forma, está havendo um recrudescimento. E tudo indica que há instigantes. Povos que destruíram seu meio-ambiente arvoram-se no direito de dizer que não sabemos gerenciar o nosso. Como não sabemos gerenciá-lo, se ele, o nosso meio, está ainda aí sujeito a discussões, enquanto que o deles não existe nem em sombra do que já foi? Os brancos americanos massacraram os bravos das planícies. Mataram homens, mulheres, crianças e velhos. Praticavam tiro-ao-alvo nas crianças que corriam assustadas das aldeias invadidas: está em seus próprios livros de história. Agora, os descendentes desses criminosos instigam o nosso índio contra os "civilizados" brasileiros (brancos, negros e também índios aculturados); talvez para levar-nos a uma guerra (como ameaçou o caiapó, repetindo o que aprendeu com os gringos), e a guerra a um massacre que não os deixasse solitários na culpa herdada de seus pais. E o sueco, com cidadania inglesa, que vende proteção ecológica que não fornece? Os incautos europeus contribuem com trinta e cinco libras para proteger um acre, recebem um folder com benefícios que os arrecadadores teriam feito aos nativos, mas quando se vai pesquisar o que se vê é um mateiro sozinho "fiscalizando" centenas de milhares de hectares em troca de meio salário mínimo brasileiro. Quanto sobra de mais-valia em cada contribuição? Assim, até brasileiro analfabeto viraria milionário.
Parece que são dois os mitos que caem no limiar do século: o do bom selvagem, e o do europeu honesto.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

LUCAS E O PÉ DE FEIJÃO

Meu neto colheu o seu feijão. Está todo contente. Ele tem quatro anos. Um dia, na sua escola, a professora ensinou as crianças a plantarem cada uma sua semente de feijão em algodão úmido. Quando a semente se abriu e a plantinha surgiu, ele a olhava com a mesma interrogação que as crianças olham os passes de mágica. Entusiasmado, replantou-a num pequeno canteiro de flores no quintal. O tempo passou e, ontem, lá estava ele, compenetrado e feliz abrindo as vagenzinhas secas e retirando as novas sementes, saudáveis, brilhantes e bonitas. Separou as poucas que não vingaram, dizendo, em sua inocência: "Estas não cresceram; mas ainda vão crescer". Outras ele usou numa nova semeadura, no mesmo canteiro, antevendo o milagre da terra multiplicá-las por duzentos. A produção apurada deu metade de uma tigelinha dessas usadas prá sobremesa, que ele entregou à vovó: "(como se fala em japonês), você cozinha prá mim?"
Ante as notícias de escassez de alimentos eu vejo brotar a esperança quando um garotinho de quatro anos consegue produzir seu almoço.

terça-feira, 27 de maio de 2008

PRÁ QUEM LEU "GRANDE SERTÃO - VEREDAS"
(leitura imperdível)

ELE

Ele era carne muita e calor bravo
Brasa quente que enfrenta orvalho frio
Na peleja derrubando ente pravo
Atravessa em si mesmo o baldo rio

Grande sertão, veredas, fundo cavo
Vence fugindo sempre de desvio
Permanece de estranho amor escravo
Dor índia que ilaqueia o desafio

Não fosse sua gente tão confusa
Não fosse ele tão cego de conceito
Na certa soltaria a fala oclusa

E invés de a bala abrir para o desfeito
Buscava além da imagem sua musa
Explodindo a paixão dentro do peito.

João Donha – anos 90.
MAIS UM POUCO DE POESIA

ECLESIASTES

Vaidade de vaidades, disse o Eclesiastes.
Que proveito tiras tu, ó trabalhador,
Do trabalho com que sempre te desgastaste
Debaixo do sol, a não ser a tua dor?

O sol nasce todo dia e torna a se por
Uma geração vem, outra geração parte
Por mais que pense não se livra do Criador
Filosofia, religião, ciência e arte.

Na calha do tempo se esvai inveja e amor
Seja puro ou pecador, não ilude a sorte
A tragédia com mais furor atinge o forte.

E por mim, que se dane burro ou pensador
Tudo é vaidade, pois que seja como for
Sábio e insensato encontram a mesma morte.

João Donha – anos 90.
POVO, UM MERO DETALHE

É incrível a falta de auto-crítica das elites brasileiras. Como elas se esforçam, ainda que inconsciente, ou, até, atavicamente, para alijar o povo dos processos legislativos ou decisórios. Não me refiro apenas a elites econômicas. Refiro-me a essas e, também, a lideranças sindicais; a políticos, mesmo egressos das camadas mais pobres; a funcionários públicos e militares; enfim, a qualquer um que tenha poder sobre a população; ou poder maior que a população. O exemplo principal é o próprio processo constituinte: cada vez menos democrático com o passar do tempo. Sim, porque o de 1986 afastou o povo do debate muito mais que o de 1946. E, de forma disfarçada; o que o torna pior do que o abertamente autoritário de 1967. Em 1986, as elites, ao invés de convocarem uma assembleia constituinte que realmente passasse o país a limpo, preferiram dar poderes constituintes a um congresso eleito da mesma forma que sempre: currais eleitorais, trocas de favores, parlamentares que aprovariam o orçamento. Enfim, tudo o que desmotivasse e afastasse o povo do debate sobre leis, na hora de escolher seu candidato. Alem de ilegítima e refém de interesses corporativos, a constituição ficou vulnerável a fraudes (ver: http://paginas.terra.com.br/educacao/adrianobenayon/fraudeac.html). Para completar a ilegitimidade, com medo do retorno dos militares, outorgaram a constituição sem aprovação em referendum popular. Já discuti este assunto exaustivamente na maior praça pública da nossa atualidade, o site de relacionamentos Orkut, na comunidade "Revitalização da Lei no Brasil", tópico "A Constituição é ilegítima".
Aqui, porem, pretendo me referir a acontecimentos mais recentes. Ao esvaziamento do legislativo. Ou, melhor, ao auto-esvaziamento. O povo elege seus deputados e senadores para elaborarem e aperfeiçoarem constantemente as leis que nos dirigem. E o que fazem os senhores senadores e deputados? Delegam cada vez mais poderes legislativos aos juízes do supremo, que não foram eleitos com nenhum voto popular. O legislativo é a caixa de ressonância dos anseios populares. Os interesses da população devem ser ali debatidos até que, por votação, decidam o que e como se transforma em leis. Os senhores juízes que passem daí a julgar conforme essas leis; ou seja, conforme a vontade soberana da população. A decisão da maioria dos legisladores, deveria ser a decisão da maioria da população. Mas, na prática, o que vem acontecendo? A minoria derrotada recorre ao supremo tribunal, e um punhado de homens e mulheres que não representam efetivamente os desejos e anseios da população, serão os autorizados a legislarem. Como todo poder vicia e cega, já podemos ver os juízes se arrogando o direito legislativo, como fez o chefe do supremo no recente episódio do ressuscitamento da cpmf (poucos gostariam de ter aumento de impostos; mas, compete ou não ao povo a decisão?): "por qualquer meio que o congresso recrie a cpmf, será questionada aqui no supremo". Ou dando a senha para que a oposição impeça as obras do pac na justiça; julgando antecipadamente.
Só seremos um povo livre quando retirarmos das mãos de cocheiros espúrios as rédeas de nosso destino.
Deveríamos construir uma democracia direta, onde assuntos como pesquisas com células tronco embrionárias ou criação de impostos, seriam objetos de plebiscito!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

DEUS, UM DELÍRIO?

No prefácio do livro “Deus, um delírio”, do Richard Dawkins, ele escreve: “Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando o terminarem”. Desafio tentador. Mas, há um erro na pretensão. É possível ser teísta e não-religioso. Ou, é possível abrir o livro como teísta e religioso, e terminá-lo não-religioso, não obstante, continuar acreditando em Deus. Eu mesmo, abri o livro sendo, de certa forma, ateu; pois, não acredito em nenhum dos deuses, ou das concepções de Deus que por aí existem. Não acredito nem mesmo na ausência de Deus, dos budistas. Nem no Deus de Spinoza. Não acredito que Deus tenha dito a Moisés, Maomé, Lucas ou Mateus, qualquer coisa que não tivesse dito também a mim. Por isso, creio em Deus à minha maneira. À maneira da minha ignorância. Pois, não sei como ele é, nem o que realmente quer, ou o que pretendeu fazendo o mundo, se é que o fez. No entanto, creio o suficiente para me encontrar esgrimindo contra ele, na torre, nos momentos de revolta ou dúvida. Ou para encontrar consolo numa prece, nos momentos de angústia e dor. Como nada sei sobre ele, não acredito que alguém o saiba e possa me ensinar, por mais velhos e sacralizados sejam seus escritos. Também não aconselho a ninguém crer à minha maneira: somos iguais, cada um erre por si. Ou deslize em seu próprio delírio, pra usar a visão do autor. Na verdade, o que Dawkins conseguiu combater muito bem não foi a idéia de Deus; foi a religião. Principalmente a religião organizada, que é o cadáver da religião. E foi um bom e útil combate; por isso recomendo a leitura do livro. De minha parte, posso assegurar que li e fiquei convencido de que Deus existe, mas está muito mal representado na Terra.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A CONSTITUIÇÃO E A MACONHA

E foi Deus quem fez nossa constituição? Porque, por certo, o povo é que não foi, alijado que estava do debate direcionado apenas para a formação de um congresso com poderes de influir na distribuição do orçamento, na construção de asfaltos e pracinhas, mas cujos membros iriam cunhar as tábuas da lei maior. Participei de um circo de lonas que alguém armou numa praça para reunir cidadãos e motivá-los à discussão do que se deveria colocar como lei: se havia meia dúzia de gente era muita. Os demais, estavam ocupados em oferecer seus votos aos candidatos que nem pensavam nas leis necessárias, mas, por certo, tinham telhas para os barracos ou cabides vagos de empregos para distribuir. Uma vez eleitos e constituídos, ficaram, os constituintes, reféns da sociedade organizada - eufemismo para corporações -, enquanto que a maioria de nós, indivíduos que têm afazeres e integram a sociedade desorganizada, ficamos órfãos de leis e de liberdade. E, se vi acontecer isto comigo e meus conhecidos, imagine o que não houve com uma plantinha sem consciência, que não sabe nem se existe e prá que existe, mas se vê ameaçada de extinção pela lei dos homens. Esta plantinha sim, com certeza, criada por Deus, que talvez a quisesse como refrigério às vítimas de doenças e tratamentos agressivos, ou para que todos com ela fizessem cordas; mas que acabaram por amarrar-se em proibições e transgressões, num mercado desesperado e violento. Quanto mais proibições, mais transgressões a exigirem mais repressão; e, assim, ganham os que mercadejam a transgressão, mas garante-se o emprego de quem vive da repressão. E a constituição, com mais cláusulas pétreas que as pedras de Hamurabi ou das Doze Tábuas - que eram todas pétreas -, sob o temor de um retorno que impediu até sua submissão a um referendum popular que lhe desse a legitimidade perdida no processo elitista de elaboração, continua, petreamente, sem poder ser questionada pela população, e, portanto, sem poder ser alterada pelo cidadão. Pelo menos foi a desculpa que um integrante da corporação mais beneficiada pela carta deu para proibir a marcha da plantinha: "não podemos cair na anarquia; essa discussão é para ocorrer no congresso, não nas ruas". Estranha democracia, onde a lei não é feita pelo povo e para o povo, que não pode discutí-la nas ruas, mas por quem recebe, sem discussão - ou sob restrições do que pode ou não ser discutido -, uma procuração assinada pelo digitar de alguns números numa caixinha eletrônica. Numa democracia de verdade, os constituintes deveriam receber uma procuração para elaborar as leis, não para outorgá-las; a aprovação final deveria ser feita por quem de direito, através de um referendum.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O MUNDO DÁ VOLTAS

O mundo dá voltas, sabem os físicos há muito tempo. E aprendem os que nem se importam com a matemática. Um órgão da ONU, certamente composto por pessoas que lá estão garantindo altos salários, deu chute em cachorro morto, apressando-se em desgrudar sua imagem do Ronaldinho logo após o escândalo, ainda fumegante, dos travestis. Isto, depois que o moço, a pedido do próprio secretário-geral participou de inúmeras campanhas humanitárias daquele órgão. São voltas do mundo. Ronaldo também, se já não chutou cachorros mortos, os chutou bem agonizantes. Num entrevero, preteriu Cicarelli em favor de um cára nada travestido que lhe disputava a atenção, ostentando um "enfeite" (lembram do Soylent Green?) que era desafeto dela. Logo depois, quando o presidente Lula, acossado por inúmeros escândalos e cpi's, disputando uma desgastante reeleição, fazendo a rotineira relações públicas do presidente em vésperas de copa de mundo, resolveu externar uma brincadeirinha inocente que grassava em todo o país a respeito do peso do Ronaldo, levou em troca uma agressiva e arrogante alusão àquela reportagem apócrifa sobre a cachaça. O próprio interlocutor do presidente na ocasião, o Parreira, gostou de dar seus chutinhos. E, logo num presidente democrático como o Lula. Admiro a coragem de quem chuta pitbuls ou rotivailes em pleno vigor, como o Saldanha fez com o Médici. O presidente mais temido e incensado da nossa história; que autorizava prisões arbitrárias, massacres em câmaras de tortura, e dava-se ao luxo de dizer que era acidente de trabalho quando um torturado morria nas garras de um torturador. Pois bem, esse Médici, acostumado a ver seus desejos atendidos como lei, e os apresentadores de televisão apresentarem seu retrato colorido como luxo, manifestou o desejo de que um jogador, certamente afilhado seu, integrasse a seleção de 70, sob direção do João Saldanha. Este, comunista de quatro costados, respondeu a frase famosa: "O presidente escala o ministério; eu escalo a seleção". Foi demitido no outro dia, com as honras da presença policial em pleno treino. Daí, o Parreira, quando soube que o Lula, falando não como presidente e sim como torcedor, sugeriu um craque, repetiu garboso, sentindo-se um herói, a frase do Saldanha, sem dar o devido crédito da autoria. E os jornalistas presentes, na certa jovens que não conheciam o passado, regalaram-se com a falácia do técnico. Bem disse o Marx, que os fatos históricos costumam acontecer duas vezes: na primeira como tragédia, na segunda como comédia. Logo com Lula, que deixa o Morales mijar no seu sapato, o Chavez desmanchar seu cabelo como se faz com meninos, o juiz dizer que a oposição pode mandar processos que serão bem recebidos no tribunal, o militar criticar políticas indígenas, e continua fazendo humildemente seu trabalhinho econômico, que é só o que a constituição corporativista do país lhe permite fazer. O mundo dá voltas. Quem chuta cachorro morto, encontra seu fila pela frente. Um dia a unicef vai encontrar o dela.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

ANTROPOLOGIA E LIBERDADE

Não se trata de idéia fixa, mas de novo ocorreu-me uma dificuldade no ponto de equilíbrio. Desta vez é entre a preservação da cultura indígena e o congelamento daqueles indivíduos numa situação de escravidão. Se não é de escravidão, é muito parecida. Pelo menos é o que me ocorre quando vejo aqueles índios comportados, nus ou semi-nus, cantando, dançando, caçando, e cozinhando em suas choças, quando sei que seus caciques e pajés têm aviões e cercam-se de equipamentos de última geração. Preservar suas culturas não equivale a preservar suas religiões? Teríamos sido todos nós, que nos chamamos civilizados, beneficiados se preservassem nossas religiões? Como seria se alguns antropólogos extra-terrestres nos tivessem convencido a permanecermos apedrejando amores clandestinos na palestina, ou torturando e sendo torturados por inquisidores medievais, com a desculpa de preservar nossa cultura? Afinal, não posso deixar de notar que quem crucificou Jesus foram os pajés, com apoio dos caciques, para que ele não alterasse a ordem vigente, que, obviamente, trazia inúmeras vantagens a eles. Também a inquisição, sem dúvida, foi criada e mantida pelos pajés, de novo com apoio dos caciques, a fim de manter a população quieta e disciplinada, curtindo sua cultura, enquanto eles se mantinham no poder e usufruíam de suas vantagens. Portanto, temos que encontrar o ponto de equilíbrio que nos impeça de desfigurar o índio, transformando-o em um "civilizado" miserável, mas, ao mesmo tempo, não impedí-lo de seguir seus caminhos, traçados pelas suas vontades individuais, livres e soberanas.

terça-feira, 22 de abril de 2008

RIO TEMPO

Eu estou num corpo, que está num barco, que desce um rio.
Saí da fonte para a foz, e estou em meio do caminho.
Para mim, a fonte é o passado e a foz é o futuro.
Se paro ou me volto as coisas se invertem.
Pois a fonte tem águas que ainda não vi,
o que faz que elas sejam o futuro,
enquanto que a foz são águas passadas.
Mesmo quando me movo ao longo do rio,
tendo a fonte como passado,
lá estão surgindo novas águas;
portanto, em meu passado surgem novidades.
Mas as novidades não são coisas do futuro?
Se o futuro é a foz, suas águas podem ter passado por mim;
então meu futuro é conhecido, pois é feito de águas passadas.
Oh, meu Deus, minha vida gira como as voltas deste barco,
tendo o passado e o futuro sempre no presente.
20.2.07

domingo, 20 de abril de 2008

Criminalidade e midia

Não é fácil encontrar um ponto de equilíbrio. Um fato incontestável é que nada deve ficar escondido; tudo deve ser revelado. Mas, entre revelar um fato, ou seja, informar, e aproveitar oportunidades criando sensação que alavanque audiências, deve haver um ponto de equilíbrio. Ouvi uma vez que o saudoso Samuel Weiner, na distante década de 50, quando dirigia o jornal Última Hora, de circulação nacional, notou que ao ser noticiado em primeira página um determinado crime ocorrido no Rio, na mesma semana o crime se repetia em outras capitais do país. Determinou, então, aos seus redatores, que não colocassem chamadas das notícias de crimes na primeira página. Atitude ética. O recente caso da menina Isabela elevou a audiência dos telejornais em 46%. Em alguns casos, o destaque dado a certos crimes ocorridos no eixo Rio-São Paulo, permite-nos profetiza-los nas demais capitais e centros menores do país nos dias subsequentes. Em outros casos, a insistência com que exploram o caso, leva a sociedade a um estressamento que anestesia a capacidade de indignação, tendo como conseqüência a vulgarização da violência. Mas, é incontestável que nada deve ficar escondido: tudo deve ser revelado. E não é fácil encontrar um ponto de equilíbrio.